João Moreira Salles: 'é tempo de combater esse cenário destrutivo'

Para o cineasta, é preciso transformar a “tristeza e a melancolia” dos dias atuais em alegria criativa em defesa da educação, da ciência e da cultura

João Moreira Salles
João Moreira Salles (Foto: Videofilmes/Divulgação)


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Rede Brasil Atual - "É um momento de muita tristeza, você ser contemporâneo de 600 mil mortes em dois anos por causa de decisões equivocadas do poder público. Isso nos envergonha como país.” O comentário sobre o cenário brasileiro é do cineasta João Moreira Salles, convidado de Juca Kfouri no programa Entre Vistas desta quinta (14), às 21h30, na TVT. O produtor e diretor de dezenas de documentários avalia que a cultura no Brasil está passando por um projeto de destruição.

“Isso passa pela educação, pela ciência e, também, evidentemente, pela cultura”, observa ele para quem “nada disso é improviso”, pois trata-se de um projeto. “E não é de construção. Ao contrário, não existe projeto para se construir nada, mas há um talento muito grande (por parte do atual governo) para se destruir o que existe”, afirma João Moreira Salles. O entrevistado de Juca Kfouri manifesta preocupação com a prolongação de um certo sentimento de desalento. “O diabo de ficar repetindo essas coisas, já que a gente vem falando nisso há muito tempo, é aumentar ainda mais o desalento e a falta de energia, e é um perigo isso”, alerta.

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Segundo ele, a energia política é um fator fundamental para a produção humana, a consolidação de um Estado de direito e a construção de valores mínimos para uma vida em sociedade. Então, é essencial para todos os que pensam cultura e ciência na atualidade combater esse cenário destrutivo. Salles classifica que os combustíveis necessários para a superação desse momento de autoritarismo em ascensão são a “confiança, o entusiasmo e a alegria da resistência”. A produção cultural nos dias de hoje – “um livro, uma canção, um poema, um quadro, que diga respeito à nossa condição de brasileiros em 2021” – tem mais capacidade de dialogar com as questões prementes do Brasil deste momento, acredita o cineasta.

“Isso é mais vital hoje do que quando vivíamos sob o ambiente democrático. É feito oxigênio, deveria nos dar esse impulso da criação necessária. Porque você hoje em dia, sendo um criador enfrentando a tragédia brasileira, tem mais relevância do que num momento em que as coisas estão caminhando relativamente bem. Então, apesar da tristeza e da melancolia dos dias atuais, é preciso fazer disso um motor da criação. Encontrar razões para uma certa alegria criativa, porque esse elemento é fundamental.”

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Produtor de filmes como Lavoura Arcaica, Madame Satã e Uma Noite em 67, João Moreira Salles dirigiu ainda diversos documentários, entre eles Notícias de Uma Guerra Particular, Entreatos e No Intenso Agora. Também jornalista, o herdeiro do banqueiro e diplomata Walter Moreira Salles, é fundador da revista piauí.

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