Humor é coisa séria

Salão de Piracicaba chega à 39ª edição, marcado pela crítica social em mais de 100 cartuns e artistas de 64 países

Humor é coisa séria
Humor é coisa séria (Foto: Dario Castillejos Lázcares)


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Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Para comprovar que humor é coisa séria e um importante instrumento de contestação, crítica social e mobilização, o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em São Paulo, chega à 39ª edição apresentando 436 obras produzidas por artistas de 64 países. São 100 cartuns, 89 caricaturas, 76 charges, 78 tiras e histórias em quadrinhos, oito peças tridimensionais e 85 trabalhos com o tema intolerância.

Surgido há 39 anos, ainda durante a ditadura militar, o Salão do Humor, como é mais conhecido, mostra que é possível usar o humor para denunciar as atrocidades das guerras ou até refletir sobre os relacionamentos na época da internet e das redes sociais. A Agência Brasil visitou a exposição e constatou que muitos dos trabalhos deste ano tratavam do conflito na Síria, onde uma revolta popular tenta tirar do poder o presidente Bashar Al Assad.

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“O Salão do Humor tem importância histórica para o Brasil. Quando ele foi criado, em 1974, serviu como espaço de discussão de ideias e luta relativas à liberdade de expressão, já que ainda vivíamos sob a ditadura militar”, disse o diretor do Centro Nacional de Humor Gráfico de Piracicaba, Eduardo Grosso. Segundo ele, na época, o evento teve grande apoio da equipe do jornal O Pasquim, que marcou época na imprensa brasileira. Um dos profissionais de destaque na equipe do Pasquim era o cartunista Jaguar, que ilustra o cartaz do Salão do Humor deste ano. “No início do Salão, o Jaguar abriu as portas do Pasquim e o projetou, assim como fizeram Millôr Fernandes [morto em março deste ano] e Ziraldo."

De acordo com Eduardo Grosso, o Salão do Humor é importante também por revelar talentos. Neste ano, por exemplo, há mais de 3,5 mil trabalhos inscritos por artistas de 70 países.

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O piracicabano Grosso foi um dos artistas revelados no evento. Desenhista e artista plástico, ele teve trabalhos premiados em todo mundo e foi o autor das ilustrações de dois dos cartazes que promoveram o Salão do Humor em suas 39 edições. “Foi a partir do Salão que comecei a fazer desenhos de humor e a desenhar cartuns, charges e caricaturas”, lembrou Grosso. Ele dirige o Centro Nacional de Humor Gráfico de Piracicaba, responsável pela organização do Salão Internacional de Humor, há três anos.

Além dos cartuns, desenhos que abordam temas universais e atemporais, e das charges, tipo de humor desenhado referente a assuntos da atualidade, o Salão do Humor apresenta caricaturas de diversas personalidades mundiais, o jogador de futebol Neymar, a presidenta Dilma Rousseff e o trompetista Louis Armstrong. “A parte das caricaturas é uma das mais elogiadas. É um ponto muito alto no Salão de Piracicaba”, ressaltou Eduardo Grosso.

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A entrada no evento é franca. Aberto no último dia 25, o Salão do Humor pode ser visitado até 14 de outubro, no Parque do Engenho Central, em Piracicaba. Em outros espaços culturais da cidade, há ainda 26 mostras paralelas, oficinas de desenho, lançamentos de livro e desfiles de moda.

Há também espaço para o humor infantil. Há dez anos, Piracicaba realiza o Salãozinho, que seleciona trabalhos produzidos por crianças de 7 e 14 anos das escolas da região. “Neste ano, o número de desenhos é recorde: 3 mil inscrições.”

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