Fibonattis: futebol e punk rock contra a “gourmetização” da vida

Em um mundo que caminha a passos largos para a "gourmetização" da vida, três caras de Francisco Morato montaram o Fibonattis, contrariando a ordem das coisas para tocar punk rock, falando de sua realidade, a vida na periferia e o futebol; confira entrevista com os integrantes da banda

Em um mundo que caminha a passos largos para a "gourmetização" da vida, três caras de Francisco Morato montaram o Fibonattis, contrariando a ordem das coisas para tocar punk rock, falando de sua realidade, a vida na periferia e o futebol; confira entrevista com os integrantes da banda
Em um mundo que caminha a passos largos para a "gourmetização" da vida, três caras de Francisco Morato montaram o Fibonattis, contrariando a ordem das coisas para tocar punk rock, falando de sua realidade, a vida na periferia e o futebol; confira entrevista com os integrantes da banda (Foto: Gisele Federicce)


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Por Ricardo Flaitt - Em um mundo que caminha a passos largos para a "gourmetização" da vida, três caras de Francisco Morato montaram o Fibonattis, contrariando a ordem das coisas para tocar punk rock, falando de sua realidade, a vida na periferia e o futebol.

O punk chegou com força no Brasil no final dos anos 70 e encontrou grande espaço na juventude da década de 80. Bandas com Cólera, Inocentes e Garotos Podres ocuparam o cenário musical. Há ainda que resista na mídia, como a Plebe Rude. Depois do boom, o punk foi marginalizado. Passados 30 anos, os sons da periferia são associados ao funk ostentação e outras vertentes.

Punk e futebol se misturam em sua realidade. Adeptos do futebol de arquibancada, contra o futebol que se elitiza com as arenas, o Fibonattis fez até música sobre o tema. Como disse o vocalista, Junior, "nossas memórias foram uma das poucas coisas que restam de um futebol que cada vez mais se torna espetáculo para uma elite aplaudir, o telespectador esta tomando o lugar do torcedor e a tendência é piorar com essas novas arenas, o concreto da lugar a cadeiras numeradas."

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O "Crônicas do Morumbi" conversou com o Fibonattis. Confira:

A inevitável, por que Fibonattis?
Junior - Pensei em um nome forte, simples e direto, tive como referência o nome de um personagem misterioso da série "Prision Break". Um personagem que nunca apareceu, mas seu nome era sempre mencionado.

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Marlon - Eu por coincidência associei o matemático italiano Fibonacci, onde se tem a sua teoria a sequencia de Fibonacci onde se vê em vários sistemas assim como o método de afinação de instrumentos musicais.

Vocês são de qual região? Amigos desde a infância?
Flávio - Somos do extremo oeste de São Paulo, do município de Francisco Morato. Eu e o Junior sim, nos conhecemos desde moleques, crescemos praticamente no mesmo bairro e já tivemos outra banda juntos, já o Marlon vindo do interior de São Paulo, Teodoro Sampaio, nos conhecemos depois, graças ao punk rock (rs).

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Até que ponto a região onde cresceram influenciaram a visão de mundo e, consequentemente, a música do Fibonattis?
Junior - Diria que crescer aqui nos tornou mais fortes para enfrentar as dificuldades e contratempos que a vida nos prega. Orgulho por resistirmos de forma digna, e agora temos a melhor ferramenta para expressar nossas experiências: amizade, o bairrismo ou até o futebol.

Em um tempo que o rap e agora o funk dominam as periferias, como surgiu o punk na vida de vocês? Quais as influências?
Junior - O punk rock entrou na minha vida muito cedo, me lembro que até ganhei um apelido quando moleque de Junior Punkids (rs). Quando ouvi na rádio as primeiras bandas de punk rock na época me identifiquei na hora, a simplicidade do punk é o que mais me chamou atenção, e quanto às influências, é inevitável não mencionar Ramones nessa lista. (Ultimamente estamos ouvindo muito Vanilla Muffins, Gimp Fist, Cock Sparrier entre outras).

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O punk rock chegou ao Brasil no final dos anos 70, dando voz à juventude da periferia. A partir dos anos 80, com preconceito e distorção, praticamente sumiu do cenário. Em que ano vocês resolveram montar o Fibonattis e por que o punk rock?
Marlon - Mesmo depois da onda dos anos 80, sempre existiram bandas que manteve de certa forma a cena viva, a diferença é que hoje não há tanta exclusividade quanto na época, até porque na nossa atualidade nem tudo choca como antes, mas quem tá dentro da cena Punk Rock, sabe que ainda existe muita coisa boa e promissora. Fibonattis nasceu em 2014, projeto idealizado por Junior e eu. Tivemos a ideia de fazer um som simples e verdadeiro, nosso princípio era agradar a nós mesmos e matar a vontade da fazer música (mesmo sem ter muita habilidade musical) até um amigo nosso (Osvaldo) participar de um ensaio e se comprometer a produzir a banda, a parada ficou mais séria e acabamos gravando nosso primeiro e recém lançado disco. O punk rock fez parte de nossas vidas praticamente foi nossa escola e não conseguiríamos entrar em outra vertente, poderíamos, mas não seria sincero e sim algo forçado.

Vocês vivem de música? Onde trabalham?
Marlon - No Brasil muito difícil viver de música, praticamente impossível, sou Designer Gráfico, o legal de estar nesta área, é que acontece bastante coisas relacionadas à música e inclusive trabalhos que envolve Fibonattis.
Flavio - Eu trabalho na área de TI.
Junior - Quando não estamos tomando umas com os amigos e tocando(risos), sou eletricista sóbrio.

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Na música Fibonattis – e em outras como Velhos Trapos – o futebol está na realidade da banda. Como enxergam o futebol em geral e o futebol moderno?
Junior - Como já mencionamos, a ideia da banda é sempre passar a sinceridade, e o futebol realmente é uma realidade da banda, desde as lembranças no campinho do bairro ou até uma experiência marcante numa arquibancada, nossas memórias foram uma das poucas coisas que restam de um futebol que cada vez mais se torna espetáculo para uma elite aplaudir, o telespectador esta tomando o lugar do torcedor e a tendência é piorar com essas novas arenas, o concreto da lugar a cadeiras numeradas.

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Além do futebol, como enxergam, analisam e compreendem o mundo?
Junior - Não temos uma boa visão do mundo, ha muita individualidade, egoísmo e má fé por todos os lados, por mais que não abordamos tais temas em nossas letras, também temos nossas indignações, curtimos, mas sempre consciente.

Onde encontrar o CD e o material da banda aos interessados?
Flávio - Fácil acesso com os selos que lançaram nosso CD, nos sites e fanpage, The Firm records, Efeito Colateral e diretamente com a banda nos shows ou página oficial no facebook: https://www.facebook.com/fibonattis/

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