Em “Café Society”, Woody Allen resgata o glamour dos anos 1930

Comédia deliciosa e inteligente, banhada na luz envolvente de Vittorio Storaro e com um Jesse Eisenberg que encarna a melhor persona do diretor Woody Allen em cena em muito tempo, “Café Society” cai sobre o espectador suave como um bálsamo. O filme foi a atração de abertura do mais recente Festival de Cannes, em maio

Director Woody Allen arrives for the premiere of his film "Magic in the Moonlight" in New York July 17, 2014. REUTERS/Lucas Jackson
Director Woody Allen arrives for the premiere of his film "Magic in the Moonlight" in New York July 17, 2014. REUTERS/Lucas Jackson (Foto: Leonardo Attuch)


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SÃO PAULO (Reuters) - Comédia deliciosa e inteligente, banhada na luz envolvente de Vittorio Storaro e com um Jesse Eisenberg que encarna a melhor persona do diretor Woody Allen em cena em muito tempo, “Café Society” cai sobre o espectador suave como um bálsamo. O filme foi a atração de abertura do mais recente Festival de Cannes, em maio.

Aos 80 anos, Allen – que faz a narração dentro do filme -, pode mergulhar num baú de lembranças, inclusive pessoais, para sintonizar o passado dourado de Hollywood dos anos 30, aí injetando sua habitual ironia para desmontar o endeusamento desse passado. Assim como fez em “Meia-Noite em Paris” e sua impagável viagem no tempo a bordo de um calhambeque, que levava diretamente ao encontro de personagens míticos da Paris dos anos 1920, como Scott e Zelda Fitzgerald, Gertrude Stein, Pablo Picasso e Luis Buñuel.

Em “Café Society”, a família judaica está novamente no centro da história, desta vez, o clã Dorfman, remediado, de classe média baixa, espelho da própria família de Allen. Os pais, sobretudo, lembram bastante os pais reais do diretor, assim como as relações entre irmãos (a irmã de Allen, Letty Aronson, é sua produtora há tempos).

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Bobby (Jesse Eisenberg) é o irmão caçula, que abandona o trabalho de joalheiro com o pai, no Brooklyn nova-iorquino, para sonhar com uma carreira na indústria do cinema, ao lado do tio materno, Phil (Steve Carell, no papel que era para ser de Bruce Willis), um agente rico e de sucesso.

Bobby é o próprio jovem ingênuo, cheio de sonhos, que o contato com a realidade vai esculpindo aos poucos e à sua revelia. Sua guia inicial nesse ambiente é Veronica, ou Vonnie (Kristen Stewart), a secretária que o tio designa para aclimatá-lo na selva do cinema, ensinando-lhe os nomes das feras.

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Mas Bobby apaixona-se por ela, sem imaginar que ela é amante do tio, casado há 25 anos. Ambos os homens vivem esse triângulo amoroso sem saber, até que há um momento em que se exige uma decisão dela. Isto projeta uma volta da história a Nova York, onde cresce a participação do irmão gângster de Bobby, Ben (Corey Stoll, que interpretou Ernest Hemingway em “Meia-noite em Paris”).

A participação de Ben, um gângster que despacha os inimigos e quem quer que incomode aos seus parentes (o caso do vizinho da irmã é típico), e do cunhado, Leonard (Stephen Kunken), um intelectual comunista obcecado pela civilidade e a ética, colocam no centro do filme uma discussão mais profunda do que uma mera comédia de superfície e adultério. Se quase sempre os filmes de Allen são muito mais do que parecem, certamente este é o ainda mais, refletindo uma polarização que se espalha por todo o mundo e que Allen nos lembra de que não é nada nova.

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“Café Society” é um prazer para os olhos, graças à elegância do diretor de fotografia italiano, o premiado Vittorio Storaro, e para os ouvidos, por conta dos diálogos espertos de Allen, aqui em sua melhor forma. O humor negro e a habitual nota ferina diante do judaísmo de que ele faz parte e do cristianismo que o circunda por ser norte-americano são absolutamente impagáveis. Quem assiste a essa uma hora e meia de puro prazer sente que ganhou esse tempo a mais de vida. Culturalmente, com certeza.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

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* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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