Documentário de Carlos Pronzato sobre o crime da Braskem que está afundando Maceió terá pré-lançamento em São Paulo

Com pré-estreia marcada para 22 de julho, longa-metragem retrata o maior crime socioambiental em curso no planeta; liderança de movimentos sociais alagoanos envolvidos com o caso também estará na capital paulista para o evento

(Foto: Marco Antônio/Secom Maceió | Reprodução)


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Eduardo Afonso Vasconcelos - Na próxima quinta-feira (22), o documentarista argentino/brasileiro Carlos Pronzato estará em São Paulo para o pré-lançamento do longa-metragem “A Braskem passou por aqui: a catástrofe de Maceio”. A estreia do filme, que retrata o maior crime socioambiental em curso no planeta, acontecerá, às 19h, no espaço Corp Tower (Rua Bela Cintra, nº 1200), entre a Av. Paulista e a Alameda Santos. Para falar sobre a narrativa das vítimas, o empresário e ativista alagoano Alexandre Sampaio estará ao lado do cineasta a partir das 18h, em conversa com a imprensa, na tentativa de furar o cerco e o silêncio impostos pelo poderio econômico da multinacional autora do crime em Alagoas.

“Lançar o documentário em São Paulo significa fazer ecoar a voz das 67 mil vítimas desse crime para além dos olhos e ouvidos onipresentes da mineradora criminosa em Alagoas, denunciando a proporção inédita de um desastre ambiental que seria um verdadeiro escândalo em qualquer outro lugar do mundo, digno das manchetes dos veículos de imprensa mais importantes do planeta!", declara o diretor do documentário, Carlos Pronzato.

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Sobre o documentário

O cenário é de guerra: 15 mil residências destruídas em 250 hectares. Mais de 65 mil moradores expulsos, sem saber quando, onde e como vão recomeçar suas vidas. Quase 5 mil empreendedores que, além de perderem sua renda, foram obrigados a demitir cerca de 30 mil trabalhadores. Síria? Haití? Guerra civil num país da África? Todas essas seriam hipóteses prováveis, mas se trata do maior crime tecnológico e ambiental em curso no mundo, que acontece agora em Maceió, capital de Alagoas.

O documentário de Carlos Pronzato relata, em 80 minutos, o drama das vítimas e o silêncio das autoridades. Pronzato passou várias semanas no “Paraíso das Águas”, onde os tradicionais bairros Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol estão afundando em meio a 35 minas de sal-gema. Essas minas foram exploradas durante mais de 40 anos pela petroquímica Braskem (controlada pela Odebrecht e a Petrobrás) sem qualquer fiscalização efetiva por parte de autoridades e agentes públicos. A partir de março de 2018, as cavernas de sal começaram a desabar, gerando um terremoto de 2,5 graus na escala Richter. Até o momento, o problema segue em expansão geográfica, condenando cada vez mais moradias e negócios.

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Construções seculares destruídas, incluindo diversas edificações tombadas; vastas comunidades dissolvidas, junto de seu rico patrimônio imaterial, como os folguedos e o coco de roda; fauna e flora da Lagoa Mundaú devastadas e populações ribeirinhas em situação de miséria. Toda a área atingida vive sob decreto de calamidade pública, o que resultou no maior êxodo urbano e o mais impressionante colapso imobiliário já registrados na história do país. Apesar disso, impera o silêncio angustiante das instituições nacionais diante de uma população esmagada pelo poder econômico da mineração. O sofrimento dessa gente, assim como o submundo da atividade minerária, são amplamente denunciados no documentário.

‘O secretário de planejamento me mostrou uma arma’, revela depoimento de ex-secretário do meio ambiente em Alagoas

José Geraldo Marques, um dos entrevistados do longa-metragem, era gestor da pasta de meio ambiente em Alagoas quando a atividade minerária foi iniciada na cidade de Maceió. “O principal desafio era saber por que a Braskem tinha vindo, ninguém pediu Braskem aqui, nem Salgema, nem nada. Um dos principais interessados era o presidente Geisel. Depois, ele veio a Maceió, inclusive, para tratar do assunto. Mas a notícia veio assim: olha, nós vamos implantar em Alagoas um complexo cloroquímico”, relata.

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“O que precisava era realmente de uma licença para implantação. Nós, da equipe da coordenação do Meio Ambiente, achávamos que o certo era que a licença fosse dada por nós. Nunca foi pedida essa licença, nem me consta que houve licença oficial do governador Divaldo Suruagy. Eu não sei como eles se instalaram e dizem, hoje, que foi tudo feito de acordo com licenciamento. Eu tenho pedido insistentemente que me mostrem essa licença e não mostram. Eu não sei se ela existe ou não, mas nós tínhamos decidido: da maneira como está sendo proposto, isso aqui tem um potencial de danos ao meio ambiente desde o momento da sua implantação até o futuro. Chegamos a apresentar um documento em que deixávamos claro o perigo de subsidência (afundamento do solo).”

“Então, foi criada toda uma narrativa pela imprensa de que eu tinha enlouquecido. Em todos os círculos de governo se falava isso, que eu era louco. Mas o ataque moral foi muito além, até que as pressões aumentaram de tal forma que chegou ao ponto em que um secretário de planejamento me chamou no gabinete dele, nós éramos amigos desde o tempo do colégio. Conversa vai, conversa vem, ele abriu a bolsa para eu ver que tinha um revólver dentro. Por isso, fiz um ofício dizendo que a partir daquele dia eu não respondia mais por nenhum assunto de meio ambiente no estado de Alagoas.”

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