Deputado vê “retaliação política” em censura ao filme Aquarius
Em nota, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Padre João (PT-MG), diz que características determinadas para a classificação etária de 18 anos não se enquadram no filme Aquarius; parlamentar prevê ainda que "as posturas do governo interino podem, ainda, atrapalhar a indicação do filme pernambucano à representação do Brasil no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017"; filme ganhou notoriedade em Cannes, quando o elenco protestou contra o golpe no tapete vermelho
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
247 – O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Padre João (PT-MG), divulgou uma nota em que aponta "retaliação política" na decisão do Ministério da Justiça de impor classificação etária de 18 anos no filme Aquarius.
Em maio desse ano, o elenco do filme brasileiro, dirigido pelo pernambucano Kléber Mendonça Filho, protestou contra o golpe no Brasil em pleno tapete vermelho do festival de cinema de Cannes. O ato ganhou capas de jornais no mundo todo.
Para Padre João, "as posturas do governo interino podem, ainda, atrapalhar a indicação do filme pernambucano à representação do Brasil no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017". Confira a íntegra da nota:
NOTA PÚBLICA SOBRE CENSURA AO FILME "AQUARIUS"
O filme brasileiro "Aquarius", recentemente premiado em diversos festivais internacionais, teve sua classificação indicativa elevada para 18 anos. A medida, que na prática implica maior restrição de acesso ao longa-metragem, é do Ministério interino da Justiça.
O filme ganhou notoriedade, entre outros motivos, após seu elenco e diretores (as) denunciarem a ameaça de golpe no Brasil durante o Festival de Cannes, em maio deste ano.
O MJ interino alega que a elevação para 18 anos deve-se à presença de “situação complexa de sexo” na obra. De acordo com o “Guia Prático de Classificação Indicativa” do ministério, entretanto, essa situação só é caracterizadas por relação sexual de incesto, sexo grupal e fetiches violentos, o que o filme não contém.
Manifestações políticas praticadas pelo elenco ou diretores do filme não se enquadram em nenhum dos casos citados pelo Guia. A motivação da medida, portanto, é clara: retaliação política. Ela confirma a tendência histórica de governos sem legitimidade eleitoral de atacarem a liberdade de expressão e de praticarem censura.
As posturas do governo interino podem, ainda, atrapalhar a indicação do filme pernambucano à representação do Brasil no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017. Embora seja um forte candidato segundo os críticos, o Ministério interino da Cultura já deu sinais de que irá dificultar sua indicação na Comissão do Oscar.
Além de revelar o caráter autoritário recentemente adotado pelo governo interino, o ataque à liberdade de expressão é inconstitucional e caracteriza uma violação de direitos humanos.
Brasília, 23 de agosto de 2016
DEPUTADO PADRE JOÃO
PRESIDENTE DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247