DCM: o Natal é a mãe de todas as fake news

"O Natal é a mãe de todas as fake news. Como você deve saber, a fábula do menino Jesus, da Virgem, dos três reis magos etc é um reempacotamento de celebrações pagãs", diz o jornalista Kiko Nogueira, editor do DCM

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Por Kiko Nogueira, editor do DCM

O Natal é a mãe de todas as fake news. 

Como você deve saber, a fábula do menino Jesus, da Virgem, dos três reis magos etc é um reempacotamento de celebrações pagãs. 

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A Superinteressante, a revista mais nerd do Brasil, falou da origem da coisa:

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o “renascimento” do Sol. 

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Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. 

Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

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A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno – pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, o culto a Mitra chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.

Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. “O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes”, dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome (“Religiões de Roma”, sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.

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Os primeiros cristãos não estavam interessados em comemorações natalinas. Não havia nenhum comando bíblico para fazê-lo e nenhuma data específica. 

Mas, no século 4, quando as heresias concorrentes começaram a aparecer com força, houve uma necessidade de sublinhar o nascimento histórico de Cristo. 

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A primeira referência ao 25 ​​de dezembro é de 336 d.C., no reinado do imperador Constantino, devoto de Mitra. O mitraísmo era uma religião influente no exército romano.

Com o tempo, foram incorporados o Papai Noel, as renas etc. Os presentes surgiram na Idade Média, a partir de lendas nórdicas. 

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O primeiro presépio do mundo teria sido montado em argila por São Francisco de Assis em 1223. Pegou. Quem não se emociona com aquela cena?

Uma colcha de retalhos muito bem urdida, chupada de outras tradições, sucesso absoluto há séculos. 

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Uma dica: guarde isso para você. Ninguém precisa de um chato metido a sabichão estragando a festa com choques de realidade e pavor. 

Abrace o tio do pavê e a tia reaça. A vida real já é suficientemente dura. Feliz Natal. Com ou sem fake news.

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