Conic esconde preciosidades culinárias
Restaurantes em conhecido complexo de edifcios no centro de Braslia mantm clientela fiel
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Maryna Lacerda_Brasília 247 — A sisudez do concreto pode até dar um ar de local desinteressante e lúgubre. Mas não se engane: os corredores do Conic escondem vários segredos. Em especial, os culinários. De 1.700 estabelecimentos nos prédios, oito são restaurantes.
Cerca de 15 mil pessoas passam por dia pelo Setor de Diversões Sul (SDS), no centro de Brasília. O movimento é maior de segunda a sexta-feira e no horário do almoço o lugar fica ainda mais cheio. É, assim, um excelente local para se investir em gastronomia.
Inaugurados em 1967, os prédios do SDS, entre eles o Conic, sediavam, nos primeiros anos, algumas embaixadas e escritórios de profissionais liberais bem-sucedidos. Para atender a freguesia sofisticada, restaurantes mais requintados foram abertos. Mas o local se popularizou e o perfil dos frequentadores do Conic se alterou com a proximidade da Rodoviária e do Setor Comercial Sul. Foram abertos vários estabelecimentos populares.
Viviane Santos abriu há três anos seu próprio negócio. Antes, ela e a mãe vendiam lanches na porta do Conjunto Nacional. Elas aproveitaram a clientela conquistada e montaram o estabelecimento, hoje com cinco funcionários. No cardápio, comida caseira: arroz, feijão,salada e carne. Sexta-feira é dia de feijoada.
O prato feito é a escolha preferida dos fregueses, dado o preço acessível. O valor do almoço varia de R$ 6 a R$ 8. Já o valor do self-service vai de R$ 15 a R$ 17. Viviane conta que a freguesia aumentou desde que reduziu o valor do prato feito.
A prefeita do Conic, Flávia Portela, diz que o potencial do local é a gastronomia. Para ela, é preciso profissionalizar os serviços oferecidos: "Temos trabalhado para melhorar a imagem do Conic. Fizemos uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial para conscientizar os proprietários dos restaurantes a melhorarem as instalações das cozinhas, treinar garçons e trocarem o mobiliário". Segundo ela, a Copa do Mundo é uma motivação extra para a realização dessas mudanças.
Tradição e qualidade
Dona Aureni Alves (foto) veio do Rio de Janeiro para Brasília em meados da década de 70. Ela era contratada do escritório da empreiteira responsável pela construção do Setor de Diversões Sul e acabou trabalhando em um dos restaurantes. Tempos depois, ela e o marido, Joaquim Alves, abriram o próprio negócio, o restaurante Paladar, no subsolo de um dos prédios do Conic. Ela conta que não tinha muita experiência na cozinha. "Eu não sabia fazer nada, pegava a receita e me fechava na cozinha", relembra.
Quase quarenta anos depois e com uma clientela consolidada, Aureni conta que os fregueses mais antigos valorizam seu tempero. "Tem cliente que percebe quando não sou eu que faço a sobremesa", conta, orgulhosa. "Eles me falam: dona Aureni, não foi a senhora que fez o pudim, eu percebi." A empresária orienta o cozinheiro a seguir seus passos rigorosamente. "Se não fizer como o cliente gosta, não trabalha aqui. Porque quem manda aqui é o cliente."
Os fregueses de dona Aureni são, principalmente, profissionais autônomos e funcionários dos órgãos públicos. Alguns frequentam o Paladar há mais 20 anos. É o caso de Paulo Maciel,40 anos, advogado que desde os 18 anos almoça no restaurante. Ele sai de seu escritório, no Setor Comercial Sul, para almoçar lá. Para ele, o tempero de dona Aureni já está incorporado a sua rotina. "A comida é gostosa e já estou acostumado. Gosto de passear pelo Conic, ver as pessoas."
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