Berenice Bento: Pepe Mujica nos ensina que a luta cultural é decisiva
“Não fazer esse combate, achando que a guerra cultural não é prioritária, significa que um adolescente que tem determinada performance identificada como ‘anormal’ será expelido”, exemplifica a socióloga e professora. Assista na TV 247
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247 - A socióloga e professora Berenice Bento lembrou na TV 247 sobre um documentário abrigado na Netflix sobre o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica - El Pepe. Uma vida suprema. No filme, destacou Berenice, Mujica destaca a importância da “luta cultural”, classificada por ele como “decisiva”.
“Ele fala - e repete isso três vezes - que a esquerda despreza a luta cultural e que ela é a luta mais dura, a luta mais difícil e é decisiva”, relata a socióloga.
Segundo Berenice, Mujica diz que deixar a luta cultural de lado é abandonar parte da sociedade que sofre com pautas ligadas a este cenário. “Pepe diz que, é claro, tem a luta pelos meios de produção, que tem sua temporalidade e nela cabem as teses marxistas, mas você tem também essas outras lutas culturais, referentes à sexualidade, aos controles, à língua, que acontecem agora”.
“Por exemplo, na escola há uma luta permanente pelos direitos humanos e pelo respeito à diversidade, às diferenças. Isso a gente faz cotidianamente. Porque se não fizermos esse combate, achando que a guerra cultural não é prioritária, isso significa, por exemplo, que uma criança ou adolescente que tem determinada performance identificada como ‘anormal’ será expelida. Porque há um ambiente que eu chamo de ‘héteroterror’, que é mesmo um ambiente de terror na escola. Então, essa luta no âmbito da cultura e das temporalidades é agora, assimo como ela foi e ela será. O que não é possível é que nesse tempo do agora se diga que não é uma luta importante, porque nós já sabemos o que acontece depois. Em alguns momentos na União Soviética gays foram enviados para campos de trabalho forçados para serem ‘curados desse vício pequeno burguês’. Como assim? É essa sociedade que queremos? Para não ter isso, é preciso, como diz Pepe Mujica, travar a luta cultural já. E precisamos construir uma teoria para essa luta”, concluiu Berenice.
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