Barrada em voo, 1ª cineasta negra do Brasil diz: 'aconteceu porque não sou branca'
A mineira Adélia Sampaio, primeira cineasta negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, foi barrada quando tentava embarcar em Porto Alegre (RS) com destino ao Rio, onde mora, na manhã desta segunda; ela acusa uma funcionária do aeroporto Internacional Salgado Filho de tentativa de revista vexatória e de comportamento racista
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247 - A mineira Adélia Sampaio, primeira cineasta negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, foi barrada quando tentava embarcar em Porto Alegre (RS) com destino ao Rio, onde mora, na manhã desta segunda. Ela acusa uma funcionária do aeroporto Internacional Salgado Filho de tentativa de revista vexatória e comportamento racista.
As informações são do jornal Extra.
"Adélia, que possui próteses metálicas na coluna e em um dos joelhos, não passou no detector de metais. Ela foi encaminhada a uma sala fechada, e lá, ouviu de uma funcionária do Aeroporto Salgado Filho que deveria tirar as roupas e ficar de joelhos.
Sob a acusação de revista vexatória e comportamento racista, a denúncia foi feita pela produtora Iliriana Rodrigues, do coletivo Criadoras Negras RS, que acompanhava Adélia, de 72 anos, em seu retorno ao Rio, após um evento realizado na capital gaúcha no fim de semana, tendo como o gancho a celebração do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.
— Aconteceu porque eu não sou branca, né? É cultural. Quando ela pediu para eu tirar minha calcinha e abrir as pernas, fiquei indignada e saí pela sala afora — conta Adélia, que perdeu o voo e foi realocada para um embarque às 18h desta segunda-feira, sem qualquer custo adicional.
Posteriormente, foram chamados dois agentes da Polícia Federal. Adélia e a funcionária, então, foram encaminhadas à delegacia da PF do próprio aeroporto. Lá, Adélia afirma ter passado por um novo constrangimento.
— Na hora de assinar o papel, percebi que na lacuna da cor o delegado informou que eu era branca. E na de profissão, estava sem nada preenchido. Me recusei a assinar. Depois, foi consertada a parte da cor, mas a profissão permaneceu sem nada escrito — diz a cineasta, que chegou a ser questionada se teria agredido a funcionária, acusação que nega veementemente, assim como afirma não ter desacatado ninguém durante todo o imbróglio.
Além do apoio das produtoras do coletivo Criadoras Negras RS, Adélia também pediu socorro a sua advogada, que mora em Porto Alegre e foi ao aeroporto auxiliá-la.
— É a primeira vez que enfrento esse tipo de situação em aeroporto, sempre viajo e uso próteses faz tempo. Mas claro que não é a primeira vez que sofro preconceito, claro. Não sei dizer se vou agir judicialmente, confesso. Só quero voltar pra casa, tô só com o café da manhã... — desabafa Adélia, diretora do filme "Amor maldito", de 1984.
Por nota, a Infraero negou as acusações e afirmou que Adélia passou por um procedimento padrão. Os registros foram feitos pela delegacia da Polícia Civil no Aeroporto Salgado Filho e não houve registro da ocorrência pela Polícia Federal."
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