“Allende”: a história é cíclica
Allende era um líder que simpatizava com os ideais socialistas e, por isso, objeto na mira dos poderes que tentavam consolidar a hegemonia do Capital, principalmente depois da tomada de Cuba por Fidel Castro; o filme de Miguel Littin, 'Allende em seu Labirinto', narra as últimas horas do líder chileno na presidência, no dia 11 de setembro de 1973, até ser morto pelas tropas sob o comando do General Pinochet
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Por Ricardo Flaitt, para o Brasil 247 – Nas décadas de 60 e 70, os países latino-americanos passaram por um processo em que os regimes democráticos caíram com as balas dos militares e do poderio econômico das grandes potências, representado pelas multinacionais.
As democracias foram destituídas no Brasil, na Argentina e no Chile, de Salvador Allende, que governou de 1970 a 1973, até ser morto pelas tropas sob o comando do General Pinochet.
Os golpes na democracia estão inseridos ao contexto da polarização entre os Estados Unidos, símbolo do capitalismo, e a extinta União Soviética, com seus ideais comunistas.
Allende era um líder que simpatizava com os ideais socialistas e, por isso, objeto na mira dos poderes que tentavam consolidar a hegemonia do Capital, principalmente depois da tomada de Cuba por Fidel Castro.
O filme de Miguel Littin, Allende em seu Labirinto, narra as últimas horas do líder chileno na presidência no palácio de La Moneda, no dia 11 de setembro de 1973.
O levante contra Allende formou-se por empresários, militares e políticos da direita que receavam a implantação de um governo social, voltado mais para os interesses dos menos favorecidos e, consequentemente, a implantação do socialismo na terra de Neruda, seu amigo pessoal.
Em uma cena síntese sobre o golpe, o representante da União Popular, reúne-se com Allende para comunicar o afastamento da bancada, analisar as circunstâncias que determinaram o momento e, ao mesmo tempo, questionar o papel da esquerda em relação ao povo.
“Fui encarregado de informá-lo que os partidos da União Popular não o apoiará nesta aventura. As informações que temos indicam que não há nada a fazer. Devemos recuar e esperar. Enquanto o seu governo manteve o plano original de reformar o processo funcionou. Mas o senhor permitiu excessos dos grupos extremistas, que distorceram o projeto original e isso provocou o conflito com o governo dos Estados Unidos. Passamos por cima da direita, dos empresários, da classe média. E me atrevo a dizer que até os trabalhadores não estão felizes. Fracassamos, Salvador.
Não podemos transformar a sociedade com nossos modestos partidos dos trabalhadores, presididos por simples líderes, com pouca ou quase nenhuma base teórica. Aqui ninguém leu Marx ou Engels. Lenin não passa de um rótulo. Enfim, não foi o senhor que nomeou um operário para Ministro da Economia? (...) Não podemos resistir à pressão do governo americano e o poder ilimitado das corporações transnacionais”.
Allende disputou quatro eleições até chegar ao poder. Seu corpo e seus ideais resistiram mais de três anos na presidência. A história de Allende no Chile é a história de muitos povos na América Latina e no mundo, o que torna sua trajetória universal.
Como disse Gabriel García Marquez, “esta história ocorreu no Chile para o mal dos chilenos, mas pertence a todos os homens deste tempo e que ficou em nossas vidas para sempre”.
Sendo a história cíclica, o filme sobre Allende é imprescindível para compreender a mecânica do mundo, onde forças antagônicas se duelam pela manutenção dos interesses econômicos.
TRAILER:
ALLENDE EN SU LABIRINTO
Título: Allende en su laberinto (Original)
Elenco: Daniel Muñoz, Aline Kuppenheim, Roque Valdero, Horacio Videla, Juvel Vielma, Gustavo Camacho
Ano/produção: 2014
Dirigido por Miguel Littín
Duração: 90 minutos
Gênero: Ação Biografia Drama
Países de Origem: Chile
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