Ah, que saudades!

Apesar de a escolha do hotel-sede do Festival de Braslia ser feita por licitao, convidados apegaram-se ao Hotel Nacional. Acham que o Kubitschek no tem o mesmo charme, embora receba o evento pela segunda vez e tenha boa estrutura



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Natalia Emerich_Brasília 247 – Diariamente, após as exibições da mostra competitiva do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, artistas e convidados se reúnem para confraternizar e debater os filmes no Kubitschek Plaza Hotel. O lugar tem boa infraestrutura e conforto, mas desagrada a quem se apegou ao jeitão do Hotel Nacional, que recebeu edições gloriosas do festival e foi palco de cenas inesquecíveis, como o mergulho da atriz Leila Diniz nua na piscina. Para alguns, embora faça parte das adaptações comuns a eventos desse porte, mudar de casa é um banho de água fria.

"É extremamente desagradável não estar no Nacional", reclama a cineasta gaúcha Sara Silveira, que compete nesta edição com o longa Trabalhar Cansa. Para ela, o Kubitschek não permite a interação adequada entre os participantes do festival. "A partir da meia-noite o hotel começa a fechar e os serviços são cancelados, somos praticamente expulsos." Ela diz que se encontrar após as exibições e passar horas conversando sobre as produções e cinema é tradição. "A infraestrutura é boa, mas não cria o envolvimento que os convidados têm com o festival."

O horário de funcionamento do bar da piscina do Kubitschek é das 15 horas à meia-noite. Mas, durante o festival, garante a administração, as portas do estabelecimento, assim como de outros restaurantes, ficam abertas até pelo menos as 2 horas. "Somos muito flexíveis com o público do evento", afirma Salete Soares, gerente comercial do Kubitschek. Ela diz que o atendimento costuma se estender, desde que haja consumidor para isso. Nenhuma reclamação foi feita ao hotel até agora, segundo a gerente. "Creio que os serviços estejam condizentes com a expectativa tanto da organização quanto dos hóspedes", diz Salete.

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A escolha do hotel-sede do evento é por meio de licitação, realizada pela Secretaria de Cultura. De acordo com uma das organizadoras do festival, Graça Coutinho, é a terceira vez nos últimos 12 anos que o Kubitschek substitui o Nacional. A troca ocorreu em 2004, 2010 e 2011. "O Hotel Nacional queria receber antecipado, não houve entendimento com o governo para fechar uma proposta adequada", explica Graça. Entre os critérios de seleção estão o melhor preço e a forma de pagamento mais viável.

Para o cineasta e jornalista Sérgio Moriconi, que compõe o júri, o Hotel Nacional foi palco de edições míticas do festival, como as que ocorreram nos anos 60 e 70. Lá estão lembranças e parte da memória do evento. "É um lugar encantado e nostálgico", define. O também cineasta e jurado Otto Guerra concorda. "O lugar existe desde a construção de Brasília, é charmoso e tem a cara da cidade", resume.

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A maior reclamação diz respeito à área de convivência da piscina. Quem já foi a algum seminário, debate, oficina, ou bate-papo no Hotel Nacional sabe que era possível encontrar artistas, críticos e simpatizantes ao redor da água. Salas, auditórios e bar ficam no mesmo pavimento. No Kubitschek, o ponto de encontro é o elevador. Cada área fica em um andar, o que dificulta a interação. "O Nacional tem uma veia artística que o Kubitschek não tem, é lamentável", desabafa Sara.

Logística

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Ao mesmo tempo, o Kubitschek tem vantagens reconhecidas até por quem reclama. "A estrutura é mais nova e a área comum também é interessante", diz Moriconi. Além de espaços diversificados, o estacionamento comporta mais carros e facilita o acesso. "O festival é como um filme, muda conforme o tempo passa", afirma Otto, que considera as mudanças naturais, necessárias e bem-vindas, apesar da saudade.

Para Graça Coutinho, as pessoas se apegam a detalhes folclóricos. "Já tive caso de convidados que chegaram ao aeroporto, não encontraram representantes do festival e pegaram táxi direto para o Hotel Nacional", revela. Na prática, ela garante que a infraestrutura e o conforto do Kubitschek atendem perfeitamente às necessidades do evento.

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