A falta que Bussunda faz
H cinco anos morria o artista que revolucionou os programas de humor da tev ao dessacralizar a imagem das autoridades com seu timing perfeito para rir da realidade e ridicularizar as mazelas nacionais. Seu estilo deixa saudades.
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Natália Rangel_247 - Especialista em transformar a realidade em risos e desmascarar hipocrisias com seu estilo escrachado e bonachão, o humorista Bussunda fez história no humor brasileiro com seu timing perfeito para esculhambar geral sem nunca perder a graça. Ele e sua turma ajudaram a refrescar a comédia exibida na tevê com um formato inovador e revolucionário que rompia com a apatia pós ditadura militar que impusera um tratamento burocrático e cerimonioso com as autoridades. Nos esquetes encenados por Bussunda tudo vinha abaixo em piadas escatológicas e impiedosas com os protocolos e cerimonais. Há exatos cincos anos, no dia 17 de junho de 2006, véspera da desclassificação da seleção brasileira na Copa do Mundo da Alemanha, com derrota para a França, o humorista Bussunda morria em uma cidade próxima a Munique de um ataque cardíaco aos 43 anos. Ele estava no país com outros colegas do programa Casseta & Planeta, da Rede Globo, para cobrir o mundial de futebol e brilhar com sua consagrada interpretação do jogador Ronaldo, o Fenômeno.
Em tempos em que o humor está sempre sob a vigilância dos conceitos politicamente corretos, Bussunda conseguia driblar as suscetibilidades e mandar o seu recado sem transformar humor, sátira e sarcasmo político em motivo de comoção nacional, como aconteceu recentemente com piadas feitas por humoristas da nova geração que escandalizaram diversos setores da população, consideradas ofensivas e abusivas. Bussunda estava longe de ser elegante no seu jeito de tirar sarro das coisas, mas suas incursões politicamente incorretas nunca despertaram ira. O humorista aliava uma navalha humorística afiada, inteligente e poderosa à uma figura um tanto grandalhona e desajeitada que era amada pelas crianças. Uniu em sua breve história de vida a arte de transformar a realidade em riso, de trazer o humor popular para o horário nobre e ainda provocar e despertar o sentimento de indignação dos espectadores. Bussunda deixou saudades e faz falta.
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