A caça ao diabo na música

Os aborígines pensam que o som primordial teria sido um F#. Pitágoras disse que ele sabia, mas fez disso um segredo: o Richard Wagner parece pensar num Bemol, os Tibetanos sustentam que foi polifônico



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Somos som. Somos motivados pelo som, somos movidos pelo som, somos emocionados pelo som. Parece que a única questão em que as religiões e filosofias da civilização humana concordam é como o Universo começou: com um som. Para os hindus foi um 'om', para os filhos de Abraão com um 'or', a vibração da 'luz', para os aborígines da Austrália com um drone de didgeridu, e, muito menos poético, para os sacerdotes da religião mundana de nosso tempo, os cientistas, com um 'Big Bang'.

Ninguém conseguiu concordar, depois desse barulho primordial sem antecedentes: todos discordam. Lemos no livro de João, cap.1, vs:1 "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus." No ginásio eu foi expulso da aula, quando perguntei; "Mas, qual foi a primeira palavra que ele falou?" Voltei para a aula no dia seguinte, insisti; "Tudo bem se ninguém sabe mais o que foi falado no inicio, mas da pra saber se Deus foi afinado?" Voltei pro castigo mais uma vez.

Os aborígines pensam que o som primordial teria sido um F#. Pitágoras disse que ele sabia, mas fez disso um segredo: o Richard Wagner parece pensar num Bemol, os Tibetanos sustentam que foi polifônico. "Tem alguém que se importa?" Leonardo da Vinci, com certeza. Também Giuseppe Verdi, Stradivarius, Pitágoras, Goethe, Beethoven...a lista é longa. E Mozart, sim.

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Você acha que você conhece o gênio de Mozart? As melodias de Verdi? As partituras de Beethoven? Pense bem outra vez! Poucas pessoas de nosso tempo têm ideia. Seguindo a sugestão de Joseph Göbbels, o notório ministro da propaganda de Adolf Hitler, um comité internacional ISO decretou em 1955 que o mundo musical se afinaria á 440 Hz. Com isto, nós ouvimos a musica clássica a 8 Hz acima da intenção dos compositores originais.

Mas a questão não é só uma, de purismo estético ou de autenticidade da música clássica. Nem é uma questão exclusiva da filosofia ou da religião. A nossa saúde e bem-estar poderiam estar em risco, dizem muitos pesquisadores. Afinar á 440 Hz resulta em música bem mais estressante e a influência constante deste stress durante a vida inteira, poderia adicionar fatores de risco para a saúde da população, dizem aqueles que propõem a volta ao som do passado. Os 440Hz é 0.35 semi tom acima da frequência favorita de Leonardo da Vinci, que insiste que os 432 Hz seriam a base da harmonia do ser humano com o Universo. Os seus cálculos foram corroborados por muitos outros cientistas. Como exemplo, o físico Schumann calculou a frequência de ressonância da nossa terra como sendo próxima a 8 Hz. Os organismos da vida neste planeta, respeitam isso e as suas funções principais seguem este ritmo e suas harmônicas.

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O Verdi e o Stradivarius apelaram ao Papa para ficar com o 'Mozart-Tuning', os 432Hz. Em 1955, músicos de pós-guerra coletaram 20.000 assinaturas de músicos profissionais para impedir a mudança para 440Hz. Nenhum desses protestos resultou em algo. Será que protestos e abaixo-assinados nunca mudam nada? Assi, não seria surpresa se tivessem suspeitas de 'conspiração' espalhadas na Internet. Mas, como sempre, não tem nenhuma prova.

Se o assunto fosse tão obvio, por que artistas de vários países simplesmente não ignoram a diretriz mundial e toquem como eles querem? A resposta era clara no passado: os canais de radio e TV estão presos ao acordo internacional e não tocam músicas 'desafinadas'. Os reis da indústria musical em Hollywood insistiram também. Até os Sex Pistols foram chamados de volta ao estúdio em Hollywood&Vine para regravar uma peça desafinada, me contou um sound editor deles e amigo meu. Mas estes tempos vão acabar logo logo. Os contratos antigos do império dos labels expiraram em 2013, 35 anos depois do acordo de 1978, e independentemente deles, as publicações dos artistas sem contrato já vendem mais via 'digital distribution' do que aqueles que tem compromisso com um label nos canais tradicionais.

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Se nem o Youtube pode exigir o padrão internacional de ISO de 440Hz, ninguém poderia impedir os artistas de afinar os seus instrumentos a 432Hz e adaptar as suas vozes para ressoar com a Mãe Terra. Ninguém, menos as plateias. As plateias gritam por qualquer coisa, menos para pedir para o artista reafinar. Me lembro o Adorno numa das suas ultimas aulas antes de morrer afirmando que "Sim, eu não gosto da musica popular, mas este não é o ponto sócio-critico em questão. Em pouco tempo, a industria cultural adestra as massas para entrarem num acordo sem critica". E assim foi.

Sera que o Brasil e a sua cultura multi-étnica poderia quebrar o monopólio da industria cultural dos 440Hz? Quero convidar os artistas brasileiros a pensarem em fazer exatamente isso. Não precisa um dia nacional de afinar a 432 Hz, mas sim, de se livrar dos mandatos mundiais de uma politica cultural sem respeito nem com a música clássica, nem com o bem-estar da população.

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Ainda temos uma oportunidade, mas ja existem programas que poderiam fazer a ronda na rede, para fiscalizar qualquer peça de música que não esteja em conformidade com as especificações do ISO, uma instância global. Quem sabe: vamos ver a volta da inquisição musical dos tempos medievais que fez caça ao ''diabolus in musica'?

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