45 minutos de entretenimento ou reflexão? O público decide
No monlogo 45 minutos, com direo de Roberto Alvim, o ator Caco Ciocler improvisa e conversa diretamente com a plateia
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Patrícia Lobo_247 - No Centro Cultural São Paulo, na sala Jardel Filho, sozinho, o ator paulistano Caco Ciocler ocupa um lugar na penumbra do palco, característica clássica da direção do carioca Roberto Alvim, marcada por distintos planos de luz. Os 45 minutos do título do espetáculo fazem referência ao tempo mínimo estabelecido para a duração de uma peça teatral, ou ainda a um dos tempos de uma partida de futebol – se é puro entretenimento, diversão ou se inspira reflexão, o público é que decide. Literalmente. Já que no texto escrito por Marcelo Pedreira, Caco Ciocler é um ator que busca entreter a plateia presente no teatro, e inclusive consulta os espectadores, diretamente, sobre o melhor a fazer naquele período de tempo em que estarão, inexoravelmente, fechados naquela sala à meia-luz.
Ciocler mantém contato direto com o público e interage com ele, o que cria imenso desconforto em alguns e risadas nervosas em outros. O protagonista em questão tem bons motivos, pragmáticas razões, para cumprir bem a sua função: é esta a forma como ele paga pela hospedagem em uma edícula nos fundos do teatro, onde vive. Com este tom resignado, meio decadente e muitas aparentes improvisações, a peça formula uma contundente crítica à forma de se fazer arte – é só pra rir ou pode também transformar? O que se vê em cena é muito triste, se refletirmos a respeito. Mas ainda assim inspira risos nervosos no público – risadas infundadas aparecem do nada em momentos cruciais do monólogo. Sem floreios ou insights filosóficos, a peça encerra uma discussão pertinente sobre os rumos da dramaturgia contemporânea.
45 minutos
Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3397-4002. 5ª a sáb., às 21h; dom., às 20 h. R$ 20. Até 14/8.
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