“Vivi uma guerra”, diz enfermeira que trabalhou sem EPI e perdeu irmã para a Covid
"Muitas vezes atendi pacientes sem proteção nenhuma, assim como meus colegas na maternidade, tivemos muitos óbitos"
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247 - A enfermeira Mayra Pires Lima, em depoimento à CPI da Covid nesta segunda-feira (18), disse que viveu uma guerra na cidade de Manaus durante o foco da pandemia de Covid-19, em janeiro deste ano.
A enfermeira, que perdeu uma irmã por complicações do novo coronavírus, disse que nem EPIs eram disponibilizados aos profissionais de saúde. ”Muitas vezes atendi pacientes sem proteção nenhuma, assim como meus colegas na maternidade, tivemos muitos óbitos. Perdemos colegas para depressão e suicídios”.
Mayra conta que só na unidade onde trabalhava foram registrados 82 óbitos de profissionais de saúde que estavam na linha de frente de combate ao vírus, além de muitos que ficaram com sequelas da doença. Ela conta que mesmo doente precisou cuidar do irmão.
“Até hoje faço terapia, peguei Covid duas vezes. Cuidei do meu irmão internado, no hospital de Manaus, no 14º dia de tratamento”.
A enfermeira conta que na recidiva, quando começou a apresentar os sintomas em 30 de dezembro de 2020, teve fortes dores musculares e a sua saturação ficou acima de 95%. “”Era como se fossem vários animais pisando nas minhas costas”.
A enfermeira conta que na segunda vez infectada com Covid todos na casa também foram contaminados, inclusive, a irmã que veio a óbito deixando quatro filhos, sendo um casal de gêmeos.
“Minha irmã no dia 12 começou a apresentar sintomas, no dia 15 ela não aguentou e pediu socorro, ela estava no isolamento, em um quarto de isolamento que criei na minha casa, porque era sair um e entrar no outro”.
Por falta de leitos de UTI Covid e oxigênio, a enfermeira teve que levar a irmã para a unidade de saúde onde trabalhava para que tivesse auxílio médico.
“Tive que levar minha irmã para onde eu trabalhava, lugar que tinha oxigênio. Ela ficou a noite inteira no oxigênio, mas quando tirei ela ficou com 38% de saturação. Tive que levar ela para o hospital e todas as portas se fecharam”, lamenta.
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