Simone Tebet aponta fraude grosseira em documento sobre compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro
Tebet apontou o que considerou indicações de "clara comprovação de falsidade de documento privado" pelo Ministério da Saúde
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Por Maria Carolina Marcello (Reuters) - A senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou nesta terça-feira na CPI da Covid no Senado indícios de manipulação de documento utilizado pelo governo federal para tentar desacreditar as denúncias de possíveis irregularidades no processo de importação da vacina indiana contra o coronavírus Covaxin.
Tebet apontou o que considerou indicações de "clara comprovação de falsidade de documento privado", ao apresentar o documento durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) desta terça-feira que ouviu o depoimento da servidora do Ministério da Saúde Regina Célia Oliveira, fiscal do contrato para a compra da vacina indiana.
"Nós estamos falando de falsidade ideológica formulada por alguém. Ele tem a marca e o logotipo desenquadrados, não estão alinhados em alguns pontos, como se fosse uma montagem. Eu tenho inúmeros erros de inglês, e, talvez, o mais desmoralizante dele seja o (erro) 17: no lugar de preço, 'price', está 'prince'", descreveu a senadora.
Tebet referia-se a documento apresentado pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde e atual assessor especial do Palácio do Planalto, Elcio Franco, ao lado do ministro da Secretaria de Governo, Onyx Lorenzoni, para rebater as denúncias de irregularidades reveladas à CPI pelos irmãos Miranda.
O deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, disseram ter relatado suspeitas de irregularidades no contrato com a Covaxin ao presidente Jair Bolsonaro, o que levou o presidente para o centro da CPI.
À CPI, os irmãos apresentaram versões de invoices apresentadas ao longo da negociação para a compra das vacinas. Uma dessas versões foi apontada pelo ministro e pelo assessor especial como falsa, ocasião em que mostraram o que seria a versão verdadeira -- agora denunciada por Tebet.
Após a intervenção de Tebet, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) pediu a realização de perícia técnica nas invoices que tratam da Covaxin.
"A senadora (Tebet) trouxe, por exemplo, possível fraude de documentos e, aí, portanto, uma tentativa até de obstrução dos trabalhos da CPI, o que é muito grave", disse Gama.
Com base nas afirmações dos irmãos Miranda, senadores pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira uma investigação de Bolsonaro, afirmando haver "grandes chances" de o mandatário ter cometido o crime de prevaricação ao não ter atuado sobre as suspeitas de irregularidades.
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