Secom gastou com comunicação sobre vacinação apenas 6,2% do que usou para propaganda do "tratamento precoce"
O documento da Secom, enviado à CPI da Covid no Senado, indica que, até outubro de 2020, a Secretaria havia autorizado o empenho de R$ 19.370.015,27 nas campanhas categorizadas como "cuidados precoces". No entanto, as ações realizadas pela equipe de comunicação para promover a vacinação no país custaram, de acordo com o relatório, apenas R$ 1,2 milhão
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247 - Um documento enviado pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) à CPI da Covid no Senado indicou que, até outubro de 2020, a Secretaria havia autorizado o envio de R$ 19.370.015,27 nas ações categorizadas como "cuidados precoces", com intuito de estimular uso de drogas como a Hidroxicloroquina e Ivermectina, medicamentos sem eficácia contra a Covid-19.
No entanto, as ações realizadas pela Secom para promover a vacinação no país custaram, de acordo com o relatório, R$ 1,2 milhão, apenas 6,2% do que usou para propaganda do "tratamento precoce".
"Os conteúdos foram veiculados em canais de TV, rádio, internet e outras mídias, com mais de 1,2 bilhão de inserções e visualizações na internet, e o investimento de R$ 316,2 milhões", informou o Ministério da Saúde, em nota.
Reportagem do portal UOL fez uma comparação apontando o quanto o valor investido para a campanha de comunicação destinada ao plano de vacinação foi baixo. A Secom empenhou com a divulgação do programa "Wi-Fi Brasil" (criado para ampliar o acesso à internet em áreas pobres do país) o montante de R$ 10 milhões — quase dez vezes o investido na divulgação da imunização. Já o "Adote um Parque" teve orçamento de R$ 1 milhão.
A reportagem ainda esclareceu que o termo "cuidado precoce" é uma derivação do "atendimento precoce", expressão adotada pelo governo na tentativa de driblar a polêmica relacionada ao incentivo do mandatário ao uso da cloroquina e de outros remédios sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19.
Na rota do dinheiro da cloroquina
Jair Bolsonaro fez lobby para que duas empresas brasileiras recebessem da Índia insumos para a produção de cloroquina, um remédio usado contra a malária, mas que foi empurrado para a população brasileira como solução milagrosa contra a covid-19, colocando o Brasil em risco. Foi o que apontou reportagem de Paulo Cappelli, publicada nesta quinta-feira, no jornal O Globo.
"Jair Bolsonaro atuou diretamente em favor de duas empresas privadas solicitando ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em abril do ano passado que acelerasse a exportação de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a Covid-19. Um telegrama secreto do Ministério das Relações Exteriores em posse da CPI da Covid no Senado contém a transcrição do telefonema feito por Bolsonaro no qual o presidente cita nominalmente as empresas EMS e Apsen ao pedir que a Índia liberasse a exportação dos produtos. Senadores da comissão avaliam que a ligação é prova importante do envolvimento pessoal do presidente com o fornecimento para o Brasil do remédio sem eficácia", escreve o jornalista.
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