Repórter da Globonews flagra mais uma mentira da capitã cloroquina

Ao contrário do que disse Mayra Pinheiro, República Tcheca não adota o remédio ineficaz e perigoso que ela empurrou para os brasileiros

Renan Brites Peixoto e Mayra Pinheiro
Renan Brites Peixoto e Mayra Pinheiro (Foto: Reprodução/Twitter | Jefferson Rudy/Agência Senado)


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247 - O repórter Renan Brites Peixoto captou mais uma mentira dita pela secretária Mayra Pinheiro, a capitã cloroquina, em seu depoimento na CPI da Covid. “MENTIRA: A doutora Mayra Pinheiro mentiu na CPI da COVID ao afirmar que a República Tcheca usa cloroquina para tratar Covid-19. O governo tcheco respondeu nossos questionamentos afirmando que NÃO USAM o medicamento para tratar pacientes nessa pandemia de Covid-19”, postou ele em seu twitter. Saiba mais sobre o depoimento de Mayra em reportagem da Reuters:

Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito (Reuters) - A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, negou nesta terça-feira em depoimento à CPI da Covid que tenha recebido ordem para orientar médicos a usarem a cloroquina em pacientes com Covid-19 ou que tenha partido dela qualquer iniciativa nesse sentido, mas voltou a defender o uso do medicamento e criticou a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de retirar a indicação.

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Conhecida como "capitã cloroquina" pela defesa do uso do medicamento contra malária e outros remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19 no tratamento da doença, a secretária disse que a OMS retirou a indicação de uso da cloroquina com base em estudos com protocolos falhos, e ressaltou que o Brasil não é obrigado a seguir a OMS.

"A OMS retirou a orientação desses medicamentos para tratamento da Covid baseada em estudos que foram feitos com qualidade metodológica questionável, usando o uso das medicações na fase tardia da doença, em que todos nós já sabemos que não há benefício para os pacientes", disse.

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"Então, nessas situações, analisando os estudos que ela (OMS) utilizou para essa tomada de decisão, o Brasil, os seus técnicos, os seus médicos... o próprio Conselho Federal de Medicina deixa bem claro que os médicos têm autonomia para usar todos os recursos que não causem malefícios e que possam trazer benefícios para o enfrentamento da doença", acrescentou.

A secretária destacou que o Brasil não é obrigado a seguir a orientação da OMS e que os países mundo afora são independentes e têm "autonomia para a tomada de decisão de acordo com as situações locais".

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A OMS suspendeu em meados do ano passado os testes com a cloroquina contra a Covid-19 alegando que estudos indicaram que o medicamento não mostrava benefício para quem tem a doença.

No Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein --cujos estudos com cloroquina foram citados pelo presidente Jair Bolsonaro para defender o uso do medicamento-- também decidiu recomendar a não utilização do remédio contra a doença, citando a falta de evidências de eficácia e os riscos conhecidos e potenciais.

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A decisão do hospital foi tomada depois que o órgão que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) suspendeu a recomendação de uso emergencial do medicamento, apontando estudos que sugeriram que não é eficaz contra a Covid-19.

Apesar de contestada por senadores críticos do uso dessa medicação, Pinheiro defendeu o uso da cloroquina com base em evidências que mostram "bastante eficácia", segundo ela.

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"Infelizmente, esses dois medicamentos foram muito estigmatizados e criminalizados, em vez de serem criminalizadas as pessoas que fizeram pesquisas fraudulentas ou que causaram a morte", considerou.

"A gente teve um grande prejuízo, a humanidade, pessoas que poderiam não ter sido hospitalizadas e não terem ido a óbito, se a gente não tivesse criminalizado duas medicações antigas, seguras e baratas que poderiam ter sido disponibilizadas e prescritas pelo médico. Mas hoje a gente assiste a uma verdadeira perseguição, inclusive aos profissionais médicos, que são autônomos para prescrever e vêm sendo vigiados no exercício da sua atividade", reforçou.

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Durante o depoimento de Mayra Pinheiro, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou uma nota de esclarecimento na qual diz que se pauta por publicações com "nível de evidência reconhecidos pela comunidade científica" sobre o uso de medicamentos, como a cloroquina e ivermectina.

"Atualmente, esses medicamentos têm sua ineficácia comprovada para o tratamento da Covid-19", disse a SBI.

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"O Ministério da Saúde tem a prerrogativa de seguir ou não as orientações da SBI, que são realizadas baseadas nessas evidências científicas e direcionadas para a comunidade médica e não médica", completou.

Em seu depoimento à CPI, a secretária rechaçou o apelido de "capitã cloroquina", dizendo não ser o termo adequado por não ser oficial de carreira militar. "Eu sou uma médica, respeitada no meu Estado. Então, eu prefiro ser chamada: doutora Mayra Pinheiro", disse.

PRODUÇÃO DE CLOROQUINA

Em documento enviado à CPI, em atendimento de apoio ao Ministério da Saúde, a cúpula do Exército admitiu ter produzido cloroquina como terapia de apoio no tratamento de casos graves de Covid-19. No início do ano passado, a pasta expediu essa orientação de uso dessa medicação contra o coronavírus.

"Nesse sentido, à época do início da pandemia, houve o atendimento da demanda para a produção de cloroquina 150 mg, em apoio ao Ministério da Saúde, a qual orientou o uso da cloroquina como terapia adjuvante no tratamento de formas graves de Covid-19, bem como determinou distribuição imediata do fármaco especificando, inclusive, o fator de embalagem (caixa com 500 comprimidos), idêntica ao registro do medicamento do LQFEx (Laboratório Químico Farmacêutico do Exército) junto à Anvisa", afirmou.

No documento, assinado pelo chefe de gabinete do comandante do Exército, general Francisco Humberto Montenegro Junior, há um detalhamento da remessa de 2,4 milhões de comprimidos de cloroquina a secretarias estaduais e municipais de Saúde, a pedido do Ministério da Saúde.

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