Relator da CPI da Covid, Renan Calheiros aponta oito contradições de Osmar Terra em depoimento

Nesta terça-feira, o deputado federal aliado de Jair Bolsonaro prestou depoimento à comissão, no qual admitiu ter errado em suas projeções sobre número de mortes no país durante a pandemia

Osmar Terra e Renan Calheiros
Osmar Terra e Renan Calheiros (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)


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Por Ricardo Brito (Reuters) - O relator da CPI da Covid do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), apontou oito contradições no depoimento do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), parlamentar ligado ao presidente Jair Bolsonaro que admitiu à comissão ter errado em suas projeções sobre número de mortes no país durante a pandemia de coronavírus.

Em documento feito por sua equipe técnica, Renan citou que Terra defendeu que o Brasil seguisse, por exemplo, o modelo da Suécia no enfrentamento da Covid-19. O país escandinavo, que flexibilizou medidas de distanciamento social, foi alvo de críticas e teve alto índice de contaminação em comparação com seus vizinhos.

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"Na Suécia, os números de casos e mortes dispararam sem distanciamento social", destacou o relator da CPI, na síntese do depoimento.

Terra depôs como convidado à comissão e não quis se comprometer em prestar juramento para falar a verdade.

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Numa tentativa de minimizar as suas declarações, ele admitiu aos senadores que as subestimou o impacto da pandemia. Médico e um dos conselheiros de Bolsonaro, Terra chegou a afirmar que iriam morrer apenas 2 mil pessoas mortes por Covid --o país, contudo, já ultrapassou a marca de 502 mil pessoas. 

"Eu sei que vão mostrar um monte de vídeos meus falando das previsões. Eu já quero antecipar aqui dizendo para vocês que as previsões que eu fiz foram baseadas não num estudo matemático apocalíptico", afirmou ele, em sua exposição inicial.

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O deputado disse que as mudanças nas projeções teriam ocorrido em razão do surgimento das variantes de Covid. Ainda assim, ele insistiu na tese de que o distanciamento social não ajudou a evitar o contágio e as mortes pela doença, culpando os governadores e prefeitos pela prática.

"O senhor acredite se quiser: a primeira vez que eu ouvi a palavra quarentena vertical foi do presidente. Eu nunca falei isso. Nunca vi e nunca... Ele cunhou este termo: quarentena vertical. É da cabeça dele! Ele tem uma visão em que nós coincidimos em alguns pontos --em muitos pontos, aliás-- sobre que quarentena e lockdown não funcionam; que destruir a economia do país para salvar vidas não salvou. Não salvou! Não salvou nenhuma vida!", disse.

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Essa declaração, entretanto, contraria todas as evidências científicas e dados colhidos no curso da epidemia. Países que adotaram lockdowns, como Portugal em determinado momento da pandemia, e mesmo cidades no Brasil, como Araraquara, registraram quedas nos indicadores da pandemia como resultado das medidas de restrição.

"Todos os países que aplicaram lockdown rígido controlaram substancialmente o contágio direto e as subnotificações", disse a equipe técnica de Renan.

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Paralelo

O deputado negou que integrasse o chamado gabinete paralelo, grupo de pessoas que sugeririam a Bolsonaro a adoção de medidas no enfrentamento à pandemia apartadas das decisões do Ministério da Saúde. Chamou isso de "ficção", embora tenha admitido ter se reunido com pessoas apontadas pela CPI como suspeitas de participar do grupo.

Terra negou à CPI ter sido favorável a adoção da imunidade de rebanho, tese segundo a qual o contágio indiscriminado pela doença numa sociedade reduz a força da pandemia. O deputado negou defender essa tese, mesmo confrontado com vídeos e falas dele em defesa da medida.

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"O ex-ministro (da Saúde Eduardo) Pazuello afirmou categoricamente à CPI, sob juramento, que tratou com o depoente Osmar Terra sobre imunidade de rebanho e recebeu orientações e recomendações", apontou.

Terra procurou fazer, agora no depoimento à CPI, uma defesa enfática da compra das vacinas, embora tenha feito em um passado recente ressalvas à aquisição de imunizantes.

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