Próximos passos da CPI devem deixar Pazuello de lado e focar no "gabinete paralelo" de Bolsonaro

Segundo o presidente da comissão, "o gabinete paralelo é que decidia a vida das pessoas". O relator e o vice-presidente da CPI reforçam a necessidade de novo depoimento do ex-ministro da Saúde Pazuello, mas reconhecem a urgência de se investigar o aconselhamento paralelo bolsonarista

Randolfe Rodrigues, Omar Aziz e Renan Calheiros
Randolfe Rodrigues, Omar Aziz e Renan Calheiros (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)


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247 - Apesar da gravidade da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, a cúpula da CPI da Covid planeja deixá-lo de lado neste momento para se concentrar nas investigações sobre o "gabinete paralelo" ou "ministério paralelo" de Jair Bolsonaro, que seria responsável por aconselhá-lo sobre a gestão da pandemia.

A decisão, de acordo com a Folha de S. Paulo, vem após dois fatores: a não punição de Pazuello pelo Exército e a divulgação de um vídeo que prova a existência do grupo de aconselhamento paralelo, que contava com a presença da médica Nise Yamaguchi e de Paolo Zanotto, apontado como virologista da USP e líder do time.

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Segundo o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, era o gabinete paralelo o responsável pelas políticas que de fato interferiam na vida dos brasileiros, e não Pazuello. "Ele vai fazer o que lá? Perder tempo? Pazuello tinha uma missão a cumprir, não tinha mais nada. O gabinete paralelo é que decidia a vida das pessoas, a hora que ia comprar vacina".

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirma que irá sim reconvocar o ex-ministro Pazuello, mas esta não é mais a prioridade. "O objetivo da CPI também é dissuadir da prática nociva, que foi o que aconteceu naquele domingo [manifestação com Pazuello e Bolsonaro] no Rio de Janeiro, e dizer: 'Olha, não continue fazendo as mesmas coisas'. Havendo necessidade, vamos marcar, sem dúvida, mas não é uma prioridade da comissão, por isso não tem data ainda".

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Vice-presidente do colegiado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que a nova oitiva de Pazuello se mantém como necessária mesmo após a veiculação do vídeo do gabinete paralelo. "Respeito a opinião do presidente Omar, mas os dois fatores [gabinete paralelo e Pazuello] têm a mesma prioridade. Com Pazuello, se efetivou esse gabinete paralelo. O que fica para nós patente é que o ex-ministro é um dos membros dessa estrutura negacionista, antivacina".

No material divulgado, Zanotto aparece recomendando a Bolsonaro que tivesse "extremo cuidado" com a vacinação em massa contra a Covid-19. O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) era como o "padrinho" do grupo, e chegou a incentivar o uso de hidroxicloroquina como suposto "tratamento precoce" contra a doença.

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