Parente de vítima da covid-19 manda recado a Bolsonaro: "minha dor não é mimimi"

O taxista Marcio Antônio do Nascimento perdeu um filho de 25 anos e ficou conhecido por recolocar cruzes nas areias das praias de Copacabana. “Não dá pra ver ministro da Saúde dando risinho de deboche. Não é mimimi, não somos palhaços", disse

(Foto: Pedro França/Agência Senado)


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(Reuters) - Vítimas da Covid-19 e pessoas que perderam familiares para o coronavírus contaram histórias de dor e sofrimento em depoimentos, nesta segunda-feira, à CPI do Senado que investiga as falhas do governo federal no enfrentamento à pandemia, relembrando algumas das 603.282 pessoas que morreram no Brasil devido à doença.

"Nossa dor não é mimimi, não é normal, nós não somos palhaços", disse, emocionado, o taxista Márcio Antônio Silva, que perdeu o filho de 25 anos para a Covid-19 em abril do ano passado.

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Ele ficou conhecido por recolocar cruzes nas areias das praias de Copacabana, no Rio de Janeiro, que tinham sido derrubadas por uma pessoa que tentou destruir um ato organizado pela ONG Rio de Paz em homenagem às vítimas da doença.

Silva cobrou um pedido de desculpas do presidente Jair Bolsonaro às vítimas e a seus familiares, e citou frases ditas por Bolsonaro minimizando o sofrimento deles, como quando o presidente disse que as pessoas tinham que parar de "frescura" e "mimimi" e quando o presidente respondeu "e daí?", quando questionado sobre o número de óbitos por Covid no Brasil.

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"Acho que nós merecíamos um pedido de desculpas da maior autoridade do país, porque não é questão política, se é de um partido ou de outro, nós estamos falando de vidas", afirmou, depois de contar em detalhes os últimos momentos ao lado do filho em um hospital do Rio de Janeiro.

Kátia dos Santos perdeu o pai e a mãe para a Covid em março desde ano, e lamentou que ambos não tenham conseguido tomar a vacina a tempo porque não havia doses suficientes no Brasil. No caso da mãe, ela ainda foi tratada no hospital com o chamado "kit Covid" formado por diversos medicamentos sem eficácia contra a doença, mas defendido por Bolsonaro e por apoiadores do presidente como forma de tratar a doença.

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"Faltou, na verdade, o trabalho do governo, que deveria ser mais sério, de tratar com mais seriedade toda essa pandemia que nós passamos e estamos passando ainda aqui no Brasil", disse ela. "Quando a gente vê um presidente da República imitando uma pessoa com falta de ar, isso para nós é muito doloroso. Se ele tivesse ideia do mal que ele faz para a nação, além de todo o mal que ele já fez, ele não faria isso."

Os relatos dos familiares fizeram parte de uma das últimas reuniões da CPI, que se encaminha agora para sua conclusão. O relatório final deve ser lido na quarta-feira, com votação prevista para a próxima semana.

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O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse na semana passada que seu relatório pedirá o indiciamento de Bolsonaro e de outras autoridades por diversos crimes.

Além de indiciamentos, o relator irá sugerir a concessão de uma pensão aos órfãos da pandemia que tenham até 21 anos de idade, de até um salário mínimo e considerada a renda familiar. 

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Em resposta a críticos que chamaram a CPI da Covid de "circo", o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse que os depoimentos desta segunda mostravam a importância do trabalho dos senadores para que seja feita justiça às vítimas da doença e seus familiares.

"Todos aqueles senadores que vociferavam, pessoas na internet vociferando que isso era um circo, olhem aqui os palhaços! Só que esses palhaços estão chorando, esses palhaços estão comovidos, indignados com a perda que tiveram. Esses palhaços estão aqui hoje num circo de horrores que não foi feito por nós", disse. "Tem nome, sobrenome e tem as pessoas que serão indiciadas e pagarão pelos crimes que cometeram", afirmou.

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