'Não irei lhe prender para evitar constrangimento à sua família', diz Aziz a Dominghetti
"O senhor tem uma família para criar, e o constrangimento que alguns querem eu não farei", afirmou o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, ao cabo da PM-MG Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que havia se apresentado como representante da empresa Davati Medical Supply. Senador também quer uma acareação entre o militar e outras pessoas citadas pelo depoente
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247 - O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou, nesta quinta-feira (1), que não mandará prender o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti Pereira para não constranger a família do militar, que havia se apresentado como representante da empresa Davati Medical Supply para negociações envolvendo a aquisição de vacinas pelo governo Jair Bolsonaro.
"Estou lhe falando que a sua vida não muda para melhor a partir de hoje. E digo isso com pesar. O senhor tem uma família para criar, e o constrangimento que alguns querem eu não farei. Não pelo senhor, mas por sua família", disse Aziz.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu a prisão em flagrante de Dominghetti por falso testemunho, após o cabo da PM dizer que, de acordo com um áudio recebido pelo próprio militar, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) fez negociações de propinas envolvendo tratativas sobre imunizantes.
Depois Dominghetti afirmou que não sabia do que se tratava o áudio, pois não tinha o contexto. "Quem pode responder é o Cristiano", disse ele na CPI. Cristiano Alberto Carvalho é o CEO da Davati.
Após o depoimento do militar, Cristiano negou que o áudio era sobre vacinas e Miranda afirmou que a gravação era sobre uma negociação de luvas para o mercado dos Estados Unidos, não de vacinas para o Brasil.
O presidente da CPI questionou o cabo da PM sobre o CEO da Davati. "Cristiano manda áudio para Vossa Senhoria editado. Quem é Cristiano para o senhor confiar tanto no que ele fala? O senhor sabe que pode ser expulso da Polícia Militar", disse Aziz. "Qual a relação de Cristiano com o governo federal?", perguntou em seguida.
"Eu desconheço", respondeu o PM. "Então vamos ter de trazer o Cristiano aqui juntamente com o senhor, com o Roberto e outras pessoas para uma acareação", continuou o parlamentar.
Ao citar Roberto, o senador Aziz fez referência a Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde.
O presidente da CPI havia sinalizado que o militar seria uma espécie de infiltrado. "Chapéu de otário é marreta", afirmou o parlamentar.
Propinas
O cabo da PM confirmou o esquema de propinas no governo Bolsonaro para a aquisição de vacinas. Ele afirmou que, inicialmente, US$ 3,50 era o valor da cada dose. Segundo o militar, Dias teria pedido propina de US$ 1 dólar por dose. Seriam 400 milhões de doses ao todo, complementou o depoente.
A CPI apreendeu o celular de Dominghetti e o vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informou que os membros da Casa querem uma perícia do áudio pela Polícia Federal e a consequente disponibilização das gravações aos senadores.
Luis Miranda
O deputado pelo DEM-DF denunciou publicamente a existência de um esquema de corrupção, mas especifiamente sobre a importação da vacina indiana Covaxin. O parlamentar afirmou ter enviado a um secretário de Bolsonaro mensagens com os alertas de uma possível corrupção no ministério.
A compra do imunizante foi a única para a qual houve um intermediário e sem vínculo com a indústria de vacina, a empresa Precisa. O preço da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante.
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