Mensagens mostram negociação informal e paralela entre Dias e Davati e contestam sua versão na CPI
Mensagens reveladas contestam a versão de Roberto Ferreira Dias na CPI sobre seu envolvimento com representantes da Davati Medical Supply que, segundo ele, ocorreu de forma casual. Dias é acusado de pedir propina para a aquisição de vacinas contra a Covid-19
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247 - Trocas de mensagens obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo mostram uma negociação informal e paralela do Ministério da Saúde com a Davati Medical Supply antes mesmo de a empresa apresentar oficialmente a proposta ao governo Jair Bolsonaro para o fornecimento de vacinas contra a Covid-19.
As conversas não oficiais envolvem Roberto Ferreira Dias, exonerado no último dia 29 da função de diretor de Logística do Ministério da Saúde, Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, e Marcelo Blanco, coronel da reserva e ex-assessor de Dias no Ministério da Saúde.
As trocas de mensagens, no entanto, revelam que as negociações começaram antes, sem registros oficiais —indicando uma pressa da pasta em acelerar as conversas, enquanto, como mostrou a CPI da Covid, houve lentidão por parte do governo nas tratativas feitas diretamente com laboratórios, como ocorreu com a Pfizer.
No dia 3 de fevereiro, Dias entrou em contato com Carvalho, por mensagem de WhatsApp, às 19h10, apresentando-se como diretor de Logística do ministério.
Depois disso, os dois trocaram mensagens, Dias fez ligações para Carvalho e disse que estava aguardando o seu contato. Não atendido, mandou uma nova mensagem, dizendo, no mesmo minuto, “quando puder me ligue”.
Em 4 de fevereiro, às 11h53, Carvalho encaminhou para o WhatsApp de Dias documentos sobre autorização para a venda de vacinas. Um deles tinha o título “Gov_Hos Letter of Authorization (2) (1).docx, outro “LOI Vaccine Template.docx”.
Após isso, Carvalho mandou: "Bom dia, Roberto. Desculpe, estava negociando para o MS Brasil. O preço ficou US$ 12,51 por dose FOB (Europa). Preciso da LOI e Gov Authorization”'. Em seguida, Carvalho lhe encaminhou um documento de título “AstraZeneca_3E_Procedures_Price.pdf”.
Em 9 de fevereiro, eles conversaram novamente, e Dias ligou três vezes para Carvalho e não foi atendido. Então escreveu: “Quando puder retorne. Obrigado”.
Às 18h41 do mesmo dia, Carvalho mandou uma mensagem de áudio de 20 segundos a Dias. Às 20h11, o então diretor do Ministério da Saúde telefona por duas vezes para o representante da Davati no Brasil. Não é atendido e, em seguida, escreve “quando puder retorne”.
Dias nega
Dias, que é acusado de ter pedido propina nos contratos de compra de vacinas contra a Covid-19 durante as negociações com a Davati, negou envolvimento no caso e apresentou a ordem dos fatos que levaram ao encontro no restaurante Vasto, em Brasília, onde o esquema teria sido orquestrado.
Inicialmente, segundo Dias, somente ele e um amigo, Ricardo Santana, marcaram de tomar um chopp no restaurante no dia 25 de fevereiro, num sábado à noite.
"Em dado momento", se dirigiu à mesa em que estavam o tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, acompanhado do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti.
"Ele [Dominghetti] se apresentou como representante de uma empresa que possuía 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca. Eu disse que isso já havia circulado no Ministério, mas não havia sido apresentado documentação necessária e citei o nome do senhor Cristiano [Alberto Carvalho, empresário representante da Davati]", relatou Dias.
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