Gravações mostram que Dominghetti e Cristiano tentaram negociar vacinas com governadores e prefeitos
Conversas em aplicativo de mensagem citam nomes de políticos e parceiros que os ajudariam a chegar a encarregados pela compra de vacinas nos governos federal e locais
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247 - Mensagens obtidas pela CPI da Covid mostram que Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, e o policial militar Luiz Dominghetti, que presta serviços informalmente para a empresa, tentaram vender vacinas da AstraZeneca e da Janssen a governadores e prefeitos.
De acordo com reportagem da CNN Brasil, que teve acesso a diálogos, as conversas citam nomes de políticos e parceiros que os ajudariam a chegar a encarregados pela compra de vacinas nos governos federal e locais.
Dominghetti diz a Cristiano que "diversas propostas" foram enviadas aos "consórcios de governadores e demais estados e municípios".
Em mensagem de voz, Cristiano Carvalho diz: "Domingheti, bom dia, tudo bem? Eu falei com Dias do ministério. Eu preciso da carta de órgão governamental. O Rafa já enviou para ele, para dar prosseguimento. Sem ter absolutamente nada da intenção de compra do governo, eu não consigo dar prosseguimento. Então, é isso que está faltando. O Rafa já fez o documento. Mas eu fico à disposição, o que está faltando é isso".
Cristiano se refere a Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, que foi preso durante depoimento na comissão por mentir. Para ele, a indicação de Roberto reforçava a idoneidade dos vendedores e servia de cartão de visita para que iniciassem a negociação com governadores e prefeitos.
Já o Rafa citado na gravação seria Rafael Alves, um dos parceiros das negociações. De acordo com os diálogos, esses parceiros também ficavam com um tipo de "comissão", ou seja, propina no fechamento do contrato de compra.
As vendas, segundo reportagem, não se restringiam a vacinas mas também a remédios, como o sedativo Midazolam, utilizado em pacientes antes de procedimentos médicos como a entubação, por exemplo.
Ainda na troca de mensagens, o policial Dominghetti diz, em 23 de março, que "o governador de Mato Grosso [Mauro Mendes do DEM] vai te procurar aí para afinar uma compra". "Eles já têm você como referência, aí este tem que ser seu talento mesmo", acrescenta.
No dia 10 de abril deste ano, Dominghetti afirma a Cristino que está fechando a venda de medicamentos com o governo de Roraima e mais duas redes privadas de hospitais. O governador de Roraima é Antonio Denarium (sem partido).
Outros mensagens obtidas pela CPI por meio do celular de Dominghetti, traz indícios de que o próprio Jair Bolsonaro pode ter se envolvido diretamente no rolo de vendas de vacinas superfaturadas ao Ministério da Saúde pela empresa Davati.
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