Empresa de lobista era ‘forte’ e com ‘enorme entrada’ na Presidência, apontam mensagens
Segundo mensagens acessadas pelo MPF-PA, uma empresa vinculada ao lobista Marconny Albernaz de Faria era "forte" e "com enorme entrada" na Presidência da República. O lobista é suspeito de ter recebido dinheiro para abrir portas no governo federal a um servidor do Instituto Evandro Chagas (PA) e de fazer lobby para a Precisa Medicamentos junto ao Ministério da Saúde
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247 - O Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA) teve acesso a mensagens de WhatsApp, de março de 2019, que descreveram uma empresa vinculada ao lobista Marconny Albernaz de Faria, como "forte" e "com enorme entrada" na Presidência da República. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo. Investigado pela CPI da Covid, o lobista é suspeito de ter recebido R$ 400 mil para abrir portas no governo federal a um servidor do Instituto Evandro Chagas, em Belém, que desejava trocar a direção do órgão público.
Alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito, o lobista é suspeito de fazer lobby para a empresa Precisa Medicamentos junto ao Ministério da Saúde. Os senadores identificaram mensagens trocadas por ele com Jair Renan Bolsonaro, com as advogadas Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan e segunda ex-mulher de Bolsonaro, e Karina Kufa, que defende Bolsonaro; e com o dono da Precisa, Francisco Maximiano. As conversas indicam que, em setembro do ano passado, o lobista ajudou Jair Renan a montar sua empresa de eventos.
O servidor Marcio Roberto Teixeira Nunes, do Instituto Evandro Chagas, e o empresário José Ferreira da Silva Filho, dono da Ferpel Comércio e Representação, tinham como objetivo emplacar um homem identificado como Jorge Travassos na diretoria do instituto e o próprio servidor como diretor-substituto.
De acordo com as mensagens, o empresário fez pagamentos ao lobista Marconny por meio da empresa Gygha Administração Empresarial, a pedido do servidor do Evandro Chagas. Nunes não dizia a Silva Filho que o lobista era a pessoa por trás da empresa Gygha.
Em 29 de março de 2019, Silva Filho questionou Nunes se o "pessoal da Gygha" conseguiria a nomeação que eles desejavam, o servidor disse acreditar na força do lobista. "Quanto à Gygha, eles são fortes. Têm enorme entrada na Casa Civil. E na Presidência. Eles que nos puseram lá dentro. Por isso, acredito neles. Apenas é angustiante a demora", afirmou Nunes.
Em uma das mensagens, Nunes relatou a Silva Filho uma ocasião em que disse ter ido a Brasília (DF) para reuniões. "Tivemos acesso ao prédio da Presidência da República. Falamos com muita gente grande e que nos apoiaram", afirmou. "O grupo que nos auxilia é muito forte dentro do governo".
Os diálogos foram trocados em 2018 e em 2019.
Outro lado
Em depoimento à CPI na semana passada, o lobista Marconny disse que faz "análises técnico-políticas" e é contratado por ser de Brasília e conhecer o "cenário" local. Disse ainda ter apenas indicado um advogado para Jair Renan.
Em nota, o advogado William Falcomer afirmou que Marconny "foi vítima de quebra de sigilo e divulgação de dados sem autorização judicial, sendo que as ações tramitam em segredo de Justiça, razões pelas quais não serão formalizados pronunciamentos públicos".
Questionado sobre a atuação da Gygha, na CPI, o lobista recorreu ao direito constitucional de ficar calado, e não dar declarações que pudessem incriminá-lo. "Como essa empresa está envolvida no caso do Pará e como está correndo sob segredo na Justiça, ficarei em silêncio", afirmou.
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