E-mail mostra que governo negociou vacinas com Davati via Luiz Dominguetti
Em email, a Davati Medical Supply cita Dominguetti como intermediador das tratativas sobre proposta de venda de vacina. Dominguetti disse que Roberto Ferreira Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde, teria pedido US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca como propina
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247 - A CPI da Covid teve acesso a uma troca de e-mails que mostra que o governo negociou a compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com a Davati Medical Supply por meio de Luiz Paulo Dominguetti Pereira.
Dominguetti disse ao jornal Folha de S. Paulo que Roberto Ferreira Dias, exonerado nesta quarta-feira (30) do cargo de diretor de Logística do Ministério da Saúde, teria pedido US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca como propina.
Dominguetti se apresentou como representante da Davati no Brasil. A empresa norte-americana nega que ele seja seu representante, mas o apontou como intermediário de uma oferta formal enviada ao Ministério da Saúde em 26 de fevereiro deste ano.
A oferta estipula o preço de US$ 3,50 por dose, ao valor total de US$ 1,4 bilhão. Tanto a proposta como o e-mail são assinados pelo executivo-chefe da empresa americana, Herman Cardenas.
No email, encaminhando dia 26 de fevereiro, a Davati cita Dominguetti como intermediador das tratativas da venda da vacina: "Por favor, encontre anexos 1) uma oferta corporativa completa da Davati Medical Supply pelas 400.000.000 de vacinas da AstraZeneca que seu país está buscando, conforme solicitado pelo Sr. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, 2) um modelo da AstraZeneca para a LOA/LOI (Carta de Autorização/Carta de Intenção) que a empresa exige para submeter este pedido à AstraZeneca por meio do nosso titular de distribuição, e 3) o SOP [procedimento de operação padrão] para esta transação. Por favor nos deixe saber se o senhor tem quaisquer perguntas, ou se o senhor preferir, podemos organizar uma conferência pelo Zoom para revisar mais detalhes".
E conclui: "Agradeço antecipadamente por considerar esta oferta e espero ansiosamente poder ajudá-lo a obter estas vacinas para o seu país, caso o senhor escolha fazer isso por meio de nossa empresa. Saludos e melhores considerações, Herman”.
Em outro e-mail, o Ministério da Saúde afirma a Cristiano Alberto Carvalho, que o governo tem “total interesse” nas vacinas oferecidas “desde que atendidos todos os requisitos exigidos”. Cristiano é reconhecido pela Davati como seu único representante no Brasil.
Dominguetti disse que Dias voltou a perguntar, de forma velada, se o negócio poderia ser fechado com a cobrança de US$ 1 de propina por dose. Ele teria negado o pedido e as tratativas não prosseguiram.
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