Cúpula da CPI da Covid quer acareação entre Pazuello e outros depoentes após contradições
Relator da comissão, senador Renan Calheiros, disse que Pazuello mentiu muito e que o depoimento dele foi "sofrível". "Na medida em que depoimentos forem juntados à investigação com contradições óbvias nós vamos ter na sequência que fazer essas acareações sim", disse ele
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BRASÍLIA (Reuters) - Integrantes da cúpula da CPI da Covid do Senado defenderam nesta quarta-feira em entrevistas realizar futuramente acareações do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com outros depoentes em razão do consideram contradições do ex-titular da pasta em seu depoimento.
O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Pazuello mentiu muito e que o depoimento dele foi sofrível.
"Na medida em que depoimentos forem juntados à investigação com contradições óbvias nós vamos ter na sequência que fazer essas acareações sim porque essa é uma recomendação do processo investigativo", disse Renan, em uma das entrevistas.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), afirmou que no caso de Pazuello as contradições foram tantas que talvez seja necessário fazer mais de uma acareação com o ex-ministro da Saúde.
Randolfe disse, por exemplo, que a fala do ex-ministro se contradiz com declarações dadas pelo ex-CEO da Pfizer no Brasil Carlos Murillo a respeito do momento das tratativas para a compra do imunizante do laboratório norte-americano. Pazuello disse que sempre houve contatos do ministério com a farmacêutica.
Em depoimento na semana passada à CPI, o então presidente da Pfizer no Brasil disse que a farmacêutica iniciou seus contatos com o governo brasileiro em maio e junho de 2020 e enviou uma primeira oferta em 26 de agosto, que teria ficado sem resposta. Ele disse que entre maio e novembro não houve contato com qualquer ministro de Estado, mas com equipes das pastas.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), foi na mesma linha dos colegas. "Se precisar, não tenha dúvida; vamos fazer acareação e investigar a fundo", disse ele.
A definição de eventuais acareações na CPI precisa ser aprovada pela maioria dos integrantes da comissão.
Retomada
O depoimento de Pazuello foi suspenso na tarde desta quarta após ele ter passado mal durante o intervalo e ter sido atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. O ex-ministro vai voltar a falar na manhã de quinta e ainda faltam 23 senadores inscritos para fazerem perguntas.
Após ser atendido, Pazuello chegou a negar em entrevistas que tenha passado mal. Mas ele deixou as dependências do Senado.
O depoimento do ex-ministro é apontado como um dos principais da CPI para investigar, entre outros fatos, a suposta omissão do governo Jair Bolsonaro na compra de vacinas contra Covid.
Em entrevista a jornalistas, Aziz garantiu que Pazuello estava em condições de retomar o depoimento nesta quarta, mas como o Senado estavam em sessão de votações e havia ainda muitos senadores inscritos para inquirir o ex-ministro, achou melhor deixar para retomar os trabalhos só na manhã de quinta.
Com essa decisão, o depoimento da secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro --previsto para ocorrer na quinta-- foi adiado para a próxima terça-feira.
Filho do presidente
Na entrevista, o presidente e o relator da CPI avaliaram que não é necessário se convocar o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, a depor na comissão.
Carlos Bolsonaro foi citado pelo executivo da Pfizer e também pelo ex-secretário da Comunicação Fabio Wajngarten como tendo aparecido e saído de uma reunião no Palácio do Planalto em meio a tratativas para a compra da vacina. "Não vejo necessidade por enquanto", disse Aziz.
Os parlamentares também foram cautelosos na entrevista sobre a eventual apreciação de quebra de sigilos de depoentes. O presidente da CPI disse que, por ora, não há nenhum indício de envolvimento de alguém que já depôs com irregularidades em recursos a justificar esse tipo de medida.
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