Aziz: Bolsonaro está acuado pela corrupção e por sua incompetência
De acordo com o presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), o desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios evidenciou "toda a fraqueza de um presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa"
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), abriu a reunião do colegiado nesta terça-feira com um duro pronunciamento em que acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar intimidar parlamentares ao acompanhar um desfile de blindados militares na Esplanada dos Ministérios, no dia em que a Câmara deve analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.
"Bolsonaro imagina com isso estar mostrando força, mas na verdade está evidenciando toda a fraqueza de um presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa", disse Aziz sobre o presidente, que enfrenta denúncias de supostas irregularidades do governo nas negociações de vacinas contra a Covid-19.
"O presidente cria uma encenação, uma coreografia, para mostrar que tem o controle das Forças Armadas e pode fazer o que quiser com o país. É um absurdo inaceitável. Não é um teatro sem consequências, mas um ataque frontal à democracia que precisa ser repudiado."
Encenação, tentativa de intimidação, arroubos golpistas e cena patética foram algumas das classificações dadas por senadores da CPI sobre o desfile de blindados patrocinado por Bolsonaro e pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto.
Sob a desculpa de que era para entregar um convite para a Operação Formosa --exercícios militares que começam semana que vem-- o desfile aconteceu no dia em que deve ser votada pela Câmara a PEC do voto impresso, defendida pelo presidente e que provavelmente será derrotada.
"Não haverá voto impresso, não haverá nenhum tipo de golpe contra nossa democracia -- as instituições, com Congresso à frente, não deixarão isso acontecer", disse Aziz.
"A pauta é superficial, golpista e que não nos leva a lugar nenhum. Nos torna um país pequeno, um país sem autonomia sem rosto. Não somos isso e não vamos permitir que aqueles que estão no comando de qualquer instituição possam querer acabar com a democracia brasileira.", completou o senador.
A reação ao desfile do presidente ocupou a primeira hora e meia da CPI, com os senadores majoritariamente criticando a tentativa do presidente em fazer uma demonstração de força.
Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), comparou o desfile militar com os organizados pelo ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un.
"Estamos vendo, nestes instantes, na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, uma patética demonstração de fraqueza, mais patética que aqueles desfiles que Kim Jong-Un lá, em Pyongyang, na Coreia do Norte, porque aqueles pelo menos é para demonstrar a força para o inimigo externo; este daqui é para demonstrar a força diante de quem?", disse.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembrou que, além do voto impresso na Câmara, o Senado vota nesta terça projeto que acaba com a Lei de Segurança Nacional, que vem sendo usada pelo governo Bolsonaro para questionar seus críticos.
"A resposta do Congresso Nacional não pode ser outra, tem que ser única: rejeitar o voto impresso na Câmara dos Deputados e aprovar por unanimidade a lei do Estado Democrático de Direito", disse. "Não vamos nos esquecer: as democracias não morrem mais com cabo e com soldado, nem pelas mãos dos generais. Mas eles servem para tentar nos intimidar. Não vão."
Normalmente com poucos defensores na CPI, o Planalto, que tem minoria, teve que contar com uma fala morna do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), que disse "compartilhar das preocupações", mas querer tirar os "exageros" das falas dos colegas.
"Não tem faltando a mim, a Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil) os alertas, as ponderações, para evitarmos os ambientes de radicalização. Apostamos em um ambiente de diálogo para pular esse ambiente de radicalização excessiva que não atende interesses nacionais", disse Bezerra.
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