Voo da FAB para levar Juscelino para ver cavalos em São Paulo custou R$ 130 mil aos cofres públicos
Documentos da Defesa ainda revelam que o ministro mentiu para o presidente Lula ao afirmar que pegou carona com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho
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247 - O Ministério da Defesa estipulou em R$ 130.392,87 o custo do voo da Força Aérea Brasileira (FAB) solicitado pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), para uma viagem a São Paulo em janeiro, que principalmente consistiu em compromissos pessoais. De acordo com o Estado de S. Paulo, dos quatro dias em São Paulo, o ministro dedicou três a eventos privados, como leilões de cavalos, inauguração de uma praça em homenagem a um cavalo e participação em uma festa relacionada a equinos - tudo financiado com dinheiro público.
Documentos do Ministério da Defesa também revelaram que o ministro mentiu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que retornou em carona com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. O presidente ameaçou demitir o ministro caso ele não fornecesse uma explicação satisfatória. Os dados oficiais mostram que Juscelino solicitou o voo de volta de São Paulo para Brasília alegando "viagem a serviço", ao contrário do que havia informado ao seu superior.
Os compromissos do ministro em São Paulo resumiram-se a apenas duas horas e meia entre os dias 26 e 27 de janeiro. A partir da tarde do dia 27, Juscelino concentrou-se exclusivamente em compromissos relacionados a cavalos. Ele retornou a Brasília apenas no dia 30 de janeiro.
Em resposta à deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), que exigiu explicações do governo sobre o caso, o Ministério da Defesa revelou que Juscelino solicitou o jato da FAB para retornar a Brasília em 27 de janeiro, às 17h33. Isso contradiz a versão do ministro de que ele apenas pegou uma carona, não gerando custos aos cofres públicos. Juscelino e o ministro Luiz Marinho compartilharam o mesmo voo, mas isso ocorreu porque ambos solicitaram à FAB a mesma aeronave com origem e destino iguais.
Juscelino ocultou o fato de que o Ministério das Comunicações havia solicitado à FAB tanto o voo de ida como o de volta, alegando que o chefe da pasta estaria trabalhando durante aquele período. O ministro pediu uma aeronave para o trecho Brasília-São Paulo em 24 de janeiro, dois dias antes da viagem. Posteriormente, solicitou o avião de volta em 27 de janeiro, três dias antes do retorno.
Dois ofícios enviados pelo Ministério das Comunicações à FAB afirmaram que Juscelino estava em uma "viagem a serviço". O ministro alegou compromissos oficiais durante todo o período de deslocamento para justificar o uso da aeronave. As solicitações foram enviadas pela coordenadora-geral de Cerimonial substituta do ministério, Vânia Luiza de Souza Emerick.
O gabinete do comando da Aeronáutica registra que os documentos do Ministério das Comunicações "classificaram o motivo da solicitação como VIAGEM A SERVIÇO". Segundo os militares, é responsabilidade do ministério "manter os registros relacionados à viagem". A Força Aérea também argumentou que "cabe à autoridade solicitante analisar a real necessidade do uso de uma aeronave do Comando da Aeronáutica em substituição a voos comerciais".
Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Ministério do Trabalho divulgou os nomes dos passageiros do voo de Luiz Marinho, sem incluir Juscelino Filho na comitiva. Um e-mail enviado pelo Ministério das Comunicações para o Ministério do Trabalho também registrou que Juscelino solicitou carona para dois deputados no voo da FAB para Brasília.
Os voos de ida e volta custaram R$ 130.392,87. Até o momento, o ministro das Comunicações não reembolsou o valor gasto com seu voo de retorno a Brasília. Para se manter no cargo, ele devolveu apenas uma parte das diárias recebidas durante sua estadia em leilões de cavalos em São Paulo, totalizando menos de R$ 3 mil.
Após a revelação do caso, Juscelino está sendo investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República por ter utilizado um avião da FAB para compromissos pessoais. O colegiado ainda não concluiu sua análise sobre o caso, mas pode recomendar uma advertência ou até mesmo a demissão de Juscelino, caso conclua que houve infração ética no uso do avião da FAB e no recebimento de diárias para participação do evento. Os voos da Força Aérea são destinados somente para viagens a serviço e não podem ser utilizados para compromissos pessoais das autoridades.
Os documentos do Ministério da Defesa não são os primeiros a demonstrar que Juscelino mentiu ao tentar dar explicações sobre o caso. O relatório preparado pelo próprio Ministério das Comunicações para prestação de contas informa que a viagem durou de 26 a 30 de janeiro, ou seja, de quinta-feira a domingo, com compromissos oficiais.
Procurado, o Ministério das Comunicações informou que "todas as explicações sobre essa viagem foram exaustivamente fornecidas há meses. Portanto, não há nada a acrescentar".
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