Um brinde entre iguais
O encontro entre Dilma e Obama marca uma nova era: em vez de dependncia, cooperao
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247 - A presidente Dilma Rousseff não usou de meias palavras para defender as posições brasileiras diante do presidente Barack Obama, em discurso nesta sexta 19 no Palácio do Itamaraty. Dizendo que é preciso ter “franqueza” para se construir uma “relação de maior profundidade” entre os dois países, Dilma tocou diretamente no ponto do protecionismo comercial praticado pelos EUA contra produtos brasileiros. Ela afirmou que é preciso romper “as barreiras que se erguem contra os nossos produtos” e, chegando ao detalhamento – o que não é muito comum em cerimônias diplomáticas – elencou quais são eles: “etanol, carne bovina, algodão, suco de laranja e aço”.
Em tom cordial, no trecho seguinte à questão comercial, Dilma lembrou que, enquanto ela é a primeira mulher presidente do Brasil, Obama é o primeiro afro descendente que chegou à Presidência dos Estados Unidos. Usando uma expressão ao gosto do colega americano, a presidente defendeu um “mundo mais multilateral”, ressaltando, no encerramento, que o Brasil tem interesse em acessar os setores de “educação e inovação” dos EUA e que, em contrapartida, os investimentos americanos na infraestrutura brasileira seriam muito bem-vindos. A sensação foi a de ela ter feito um discurso por um momento duro, mas altivo e elegante. Ao final, Dilma brindou com Obama em torno de uma taça de vinho branco. Nacional, é claro.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso gostou do que ouviu. “O discurso de interesse do Brasil tem de ser duro, tem de dizer as verdades como são, quais os nossos interesses”.
Mais cedo, no Palácio do Planalto, o presidente Obama disse em discurso que os Estados Unidos querem ser “um grande cliente” do Brasil de fontes de energia, citando as novas descobertas de petróleo no Brasil e o interesse de ambos os países em energia limpa. Acrescentou que os dois países guardam dois séculos de amizade. Sobre o pleito brasileiro de ter presença permanente no Conselho de Segurança da ONU, ele foi diplomático: "os Estados Unidos vão continuar trabalhando junto com o Brasil e com outras nações nas reformas que vão tornar o Conselho de Segurança da ONU mais eficaz, eficiente e representativo para poder levar adiante nossas visões compartilhadas de um mundo mais seguro e pacífico". Antes dele, no Planalto, Dilma dissera que o Brasil não quer uma “ocupação burocrática do espaço de representação. O que nos mobiliza é a certeza de que um mundo mais multilateral produzirá benefícios para a paz e harmonia entre os povos", disse Dilma.
Obama aproveitou seu discurso no Planalto para dizer que os EUA estão dispostos a agir de “forma urgente” sobre a Libia e mencionou que após a aprovação por parte da ONU do emprego de "todos os meios necessários" para garantir a segurança dos civis, a secretária de Estado, Hillary Clinton, se juntou a uma coalizão internacional para discutir a aplicação da resolução.
No domingo 20, a partir das 14 horas, Obama falará no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A platéia contará com a presença de Pelé e uma série de artistas brasileiros negros, entre eles Alcione, Martinho da Vila, Gilberto Gil, Lázaro Ramos e Thaís Araújo.
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