Um Brasil com menos usuários de drogas

Os aspectos punitivos ou alarmistas da campanha antitabagismo do País (como as fotos nos maços de cigarro) pouco contribuíram com a redução do número de fumantes



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Recente pesquisa do Ministério da Saúde apontou que somente 14,7% da população brasileira se declara fumante, sendo esse o menor índice de fumantes de toda a história do Brasil, com o agravante que se a curva de redução de fumantes brasileiros continuar a apresentar o mesmo perfil dos últimos anos, em breve seremos um dos países com um dos menores percentuais de fumantes do mundo.

Outro aspecto significativo dessa mesma pesquisa aponta para o fato de que percentualmente a produção de cigarro no Brasil caiu mais que o de fumantes, o que quer dizer que mesmo aqueles que permanecem fumando, estão fumando menos.

Os aspectos a conquistar são que a velocidade de redução de fumantes entre os sexos, as mulheres resistem mais que os homens a abandonar o vício e que permanece sendo na adolescência o período que se inicia no hábito de fumar com mais frequência.

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Ao cruzarmos essa pesquisa com outras sobre mudanças de hábitos e ou costumes de nossa população, descobriremos algo absolutamente surpreendente: a eficácia das campanhas para eliminação do hábito do tabagismo é tão mais eficiente quanto mais intensamente for dirigida aos efeitos causados a terceiros, tendo em vista que os usuários desde sempre conhecem e reconhecem os riscos a que estão sujeitos por fumarem e não se intimidam com eles uma vez que para eles o que vale é o ditado “ruim com ele, péssimo sem ele!”. Um belo exemplo são as mulheres da União Europeia que alegam que não abandonam o tabagismo, principalmente, por que “parar de fumar engorda!”. Assim, elas preferem correr todos os riscos fartamente conhecidos de fumar a engordarem e ficarem “feias”!

Dentre muitos fatores que contribuíram para a redução abrupta e absolutamente significativa do número de fumantes em todo o mundo e, principalmente, no Brasil, a descoberta e divulgação maciça dos efeitos do tabagismo no “fumante passivo” e, no caso das mulheres, dos efeitos do tabagismo durante a gravidez, foram decisivos.

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Essa experiência vivida com o tabagismo por nossa sociedade nos traz como aprendizado que em campanhas de mudanças de hábito é imprescindível ter a clareza de algumas questões, como: se têm como finalidade a prevenção ou a intervenção; a que público se dirige para que linguagem, forma e conteúdo sejam apropriados; é imprescindível que se leve em consideração o envolvimento do indivíduo com a prática, como se ainda nem se iniciou, se iniciante, se já tem o hábito, mas pode agravar ou encontra-se em um estágio de envolvimento realmente comprometedor para sua integridade física e/ou de terceiros e é necessário uma intervenção contundente no sentido de preservar a integridade física do usuário e/ou de com quem ele convive.

Para facilitar a compreensão, voltemos ao tabagismo: uma campanha dirigida a pré-adolescentes que ainda nem se iniciaram é muito diferente de uma campanha para jovens que são fumantes eventuais e podem se tornar fumantes compulsivos e mais diferente ainda para um adulto que já tem o hábito de fumar, mas que ainda pode tornar seu hábito mais frequente, passando do consumo de 1 para 3 maços / pacote / carteira de cigarro por dia, por exemplo.

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Mas, em minha opinião, o mais importante aprendizado que o sucesso da campanha antitabagismo nos traz é que as campanhas para mudanças de hábitos são tão mais eficientes quanto mais forem dirigidas aos cidadãos pelo aspecto afetivo. Os aspectos punitivos ou alarmistas da campanha antitabagismo (como as fotos nos maços de cigarro) muito pouco contribuíram com a redução do número de fumantes.

Para completar, um dado absolutamente relevante e muito, mas muito mesmo, pouco divulgado: o tabagismo é a principal porta de entrada para adolescentes e jovens para o hábito de fumar maconha, o que nos permite supor que a redução no hábito de fumar tabaco implicará a médio/longo prazo numa redução no hábito de fumar maconha, isso sem precisar disparar um único tiro nem prender ninguém.

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Mas isso é tema de um próximo artigo...

Paulo Silveira é membro do grupo Respeito é BOM e eu Gosto! e continuará com o debate sobre as drogas nesta coluna

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