Tubarão no paraíso (ou quando a vida imita a arte)
Meningite em Costa do Sauípe já matou três pessoas e a população continua em alerta
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Senhoras e senhores, nada de pés na poltrona da frente e desliguem os celulares, o assunto hoje é cinema. O roteiro é baseado no filme Tubarão, aquele do Spielberg. Na versão original, depois da primeira morte por ataque de tubarão, um xerife tenta interditar a praia de uma cidade americana às vésperas do feriado de quatro de julho. Por lá, a grana falou mais alto, não interditaram a praia e tubarão fez a festa. Por aqui, em nosso remake, a história ganhou baianidade, mas alguns dos ingredientes do primeiro blockbuster não saíram de cena. Luz, câmera, ação!
Nossa aventura começa em Costa do Sauípe quando um complexo hoteleiro, às vésperas do Sauípe Folia, comunica à Secretaria de Saúde do Estado um caso de meningite. O paciente é internado, o tempo passa e as coisas parecem sob controle. Mas, no primeiro dia do evento, eis que surge um novo caso da doença e acontece a primeira morte. Tensão, drama, e - assim como no filme de 1975 - o evento não é cancelado. Aparecem então mais infectados e uma nova vítima fatal. Chegamos então ao último dia do Sauípe Folia com sete casos confirmados, duas mortes (o terceiro óbito aconteceu um dia após o encerramento da festa) e milhares de turistas gastando a rodo. O que fazer? O final desse filme todo mundo já conhece.
Só a título de flashback, há quatro anos acontecia a tragédia da Fonte Nova e, até hoje, à exceção das vítimas e de suas famílias, ninguém foi responsabilizado. Dessa vez, com 1.800 funcionários, três mil pessoas/dia, álcool, música e um surto de meningite, o estrago poderia ter sido ainda maior, principalmente no último dia da festa. A Secretaria da Saúde, o complexo de Sauípe e os organizadores do evento garantem que não existia risco algum de contágio. Mas... cá pra nós, na época da Fonte eu também lembro de muita gente garantindo que o estádio oferecia condições de uso e deu no que deu.
Voltando ao nosso roteiro, ainda não sei como vai ser o nome do filme, mas penso em colocar duas menções honrosas nos créditos finais. Uma para Carl Gottlieb, roteirista de Tubarão, só agora eu dei valor aquele filme. E uma segunda, na cabeça da pule, vai para a assessoria de imprensa do Costa do Sauípe: os caras fizeram o dever de casa e a notícia do surto só vazou mesmo no desligar dos trios. Minha solidariedade às famílias das vítimas registro através das palavras de um dos filhos de Dona Canô “Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, tempo, tempo, tempo, tempo”. The end.
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