Temer defende que empresas possam doar para um partido por eleição

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), declarou ser a favor do financiamento privado de campanhas eleitorais; no entanto, ele defendeu que empresas só possam fazer doações a um candidato ou partido no pleito; Temer, que participou da reunião-almoço do Instituto dos Advogados de São Paulo, na capital paulista, rejeita a ideia de ter o financiamento exclusivamente público de campanhas

Temer defende que empresas possam doar para um partido por eleição
Temer defende que empresas possam doar para um partido por eleição (Foto: Divulgação)


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Sérgio Rodas, do Conjur - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), declarou nesta sexta-feira (19/6) ser a favor do financiamento privado de campanhas eleitorais. No entanto, ele defendeu que empresas só possam fazer doações a um candidato ou partido no pleito.

Temer, que participou da reunião-almoço do Instituto dos Advogados de São Paulo, na capital paulista, rejeita a ideia de ter o financiamento exclusivamente público de campanhas. De acordo com ele, o Estado já investe quantias consideráveis nas eleições, via Fundo Partidário e horário eleitoral gratuito, e não teria capacidade de arcar sozinho com todas as despesas. Outro motivo é que os cidadãos e as empresas devem ter o direito de apoiar financeiramente candidatos ou partidos que representem uma causa na qual acreditam, apontou.

Questionado pela revista Consultor Jurídico se a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 182/2007 (que inclui na Constituição Federal a permissão às doações eleitorais privadas) pela Câmara dos Deputados seria inconstitucional, o vice-presidente — que é especialista em Direito Constitucional — tergiversou. “É uma questão do Congresso Nacional. A Câmara que decidiu como fazer essa votação. Certa e seguramente, para fazê-lo se ancorou em seu regimento interno. E tem razões suficientes para ter feito isso dessa forma”.

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O argumento da inconstitucionalidade foi levantado por juristas como Celso Antonio Bandeira de Mello, Fábio Konder Comparato e Dalmo de Abreu Dallari, e deputados de PT, PCdoB, PSB, PPS e Pros. Segundo eles, o texto é uma reedição de outro que fora rejeitado pela Câmara em votação acontecida um dia antes. E a Constituição, dizem eles, veda a rediscussão de matéria inserida em PEC e já rejeitada dentro da mesma sessão legislativa. Ou seja, o assunto só poderia voltar ao Plenário da Câmara no ano seguinte. A regra está no artigo 60, parágrafo 5º, da Carta.

Defesa do "distritão"
Em seu discurso aos membros do Iasp, Temer — que é advogado e ressaltou ser filiado ao instituto desde 1975 — opinou que o modelo eleitoral do “distritão” é o que mais está em conformidade com o texto constitucional e com os preceitos democráticos.

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Partindo de uma análise sistemática do texto constitucional, o presidente do PMDB disse que o modelo de voto proporcional — que é atualmente utilizado no Brasil — é a única exceção que a Constituição faz à regra de que os atos de governo devem ser exercidos pela maioria. E esse sistema produz distorções, como o fato de um candidato que recebe muitos votos acabar “puxando” outros que não se elegeriam de outra forma.

Com o “distritão”, a eleição seria mais justa, afirmou, pois somente os mais votados seria eleitos. Outras vantagens, para o vice-presidente, seriam a diminuição do número de candidaturas, pois só concorreria quem tivesse chances de realmente ser eleito, o fim das coligações eleitorais, feitas só para obter tempo de propaganda e que tiram a identidade dos partidos, e a diminuição de partidos políticos.

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Sobre este aspecto, Temer opinou que não há necessidade de o país ter 32 agremiações, uma vez que “não existem 32 correntes de opinião”. Com a redução desse número, os partidos restantes ficariam mais fortes ideologicamente. Ele lembrou que ao fim da ditadura militar, quando acabou o bipartidarismo, "as legendas passaram a se unir para formar coligações e foram perdendo força”.

Temer também criticou os modelos distrital e de lista fechada. Quanto ao primeiro, ele argumentou que pode ser bom para uma cidade, mas não para o país, pois os deputados acabam ficando presos a interesses locais e perdem a visão nacional de suas atividades. Com relação ao segundo, o vice de Dilma Rousseff alegou favorecer os caciques de partidos. E apontou a si mesmo como exemplo do problema. “Tenho certeza que eu seria o primeiro da lista do PMDB aqui em São Paulo”, afirmou, gerando risos entre os presentes.

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Prisões de empresários
O presidente do PMDB, ainda na reunião-almoço, disse estar “surpreso” com as prisões dos presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, mas garantiu que “deve ter havido alguma movimentação” que as justificasse.

Ele ainda recomendou que as companhias não sejam punidas por atos ilícitos de seus executivos, para não prejudicar trabalhadores: “Temos que distinguir a figura do empresário da figura da empresa, porque a empresa sempre é uma garantidora de empregos. Se nós conseguíssemos construir uma solução pela qual pudéssemos distinguir a figura do empresário da empresa, seria útil para a continuação das atividades dessas grandes empresas e, portanto, para a manutenção dos empregos”.

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