Tarso diz que boate Kiss não poderia funcionar
Governador do RS desautoriza comando do Corpo de Bombeiros e fala em corresponsabilidade da prefeitura de Santa Maria e outros órgãos públicos pelo incêndio, citando uma "reação em cadeia"; a pedido de Tarso, procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, elaborou texto para uma legislação que permita ao Estado interditar estabelecimentos que estejam irregulares
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Diário de Santa Maria -O governador Tarso Genro demonstrou descontentamento com declarações dos comandos da Brigada Militar (BM) e do Corpo de Bombeiros sobre as responsabilidades pela liberação da boate Kiss, palco da tragédia que vitimou pelo menos 235 pessoas em Santa Maria.
Em entrevista a jornalistas na tarde desta terça-feira, ele falou ainda em corresponsabilidade da prefeitura da cidade e outros órgãos públicos pelo incêndio, citando uma "reação em cadeia".
— O chefe dos bombeiros não falou demais. Ele falou completamente errado. Bombeiros não autorizam o funcionamento de nada. Quem dá o alvará é a prefeitura — disparou Tarso.
Além de salientar que a danceteria não poderia estar aberta "de jeito nenhum", o governador citou uma determinação para que o local possuísse revestimento acústico. No entanto, declarou desconhecer se houve comunicação à autoridade pública da instalação do material que principiou o incêndio, após o manuseio de um sinalizador que acabou atingindo a espuma do teto da casa de festas.
Mesmo em conformidade com as normas legais de funcionamento, a boate descumpriria os termos de lotação máxima. O Corpo de Bombeiros apontou que a capacidade era de 691 pessoas, mas no dia da tragédia deveria haver mais de 1 mil clientes. Tarso disse também que recebeu informações de que "o dono formal não é o dono real" do estabelecimento.
O governador pediu ao procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, que ajude na elaboração de um texto que sirva de base para uma legislação estadual ou municipal mais rigorosa a fim de evitar que uma tragédia como essa se repita. A intenção de Tarso é de que o Estado tenha o poder de interditar estabelecimentos que estejam irregulares.
Ele garante que os procedimentos adotados pela Brigada Militar e Corpo de Bombeiros estão sendo avaliados pelo governo estadual e podem sofrer penalidades caso o inquérito da Polícia Civil aponte deficiências.
Tarso repetiu várias vezes que o inquérito ainda não é capaz de dizer de quem foi a responsabilidade nem se os bombeiros cumpriram ou não a sua parte.
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