Tacla Durán denuncia amigo de Moro por coação e diz que só virá ao Brasil quando tiver segurança
Ex-advogado da Odebrecht pede ao juiz Appio que o proteja de Zucolotto Júnior, que quer acompanhar audiência em Curitiba: "risco de ser fisicamente constrangido"
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Joaquim de Carvalho, 247 - Rodrigo Tacla Durán cancelou a viagem marcada para esta semana ao Brasil, mas não desistiu de fazer as denúncias contra Sergio Moro, Deltan Dallagnol, Carlos Zucolotto Júnior e Marlus Arns, por tentativa de extorsão.
– Quando você virá ao Brasil? – perguntei.
– Quando essas garantias e segurança estiverem bem implementadas – respondeu.
Que garantias são essas? Na resposta, Tacla Durán encaminhou uma petição que protocolou nesta quinta-feira na 13a. Vara Federal em Curitiba.
Ele pede proteção contra pessoas que o estariam coagindo moralmente e cita dois nomes. Um deles é Vinícius Veiga Borin, delator da Lava Jato. O outro é Carlos Zucolotto Júnior, que foi sócio de Rosângela Moro.
Ele pede "alto grau de sigilo" no processo e invoca sua condição de testemunha protegida, nos termos "do § 5º do art. 2º da Lei 9.807/1999".
Advogados do delator Vinícius Veiga Borin pediram habilitação no processo.
Em delação premiada, em 2016, Borin disse que Tacla Durán operava offshores com conta no Meinl Bank Antigua, uma instituição financeira controlada pela Odebrecht para fazer pagamentos no exterior.
Tacla Durán diz que autoridades americanas já tinham advertido a Lava Jato quanto à "conduta hostil" de Borin em relação a ele. Tacla Durán não detalha o episódio. Na petição, afirma que os fatos estão narrados na Reclamação 43.007.
"Trata-se, assim, a tentativa de habilitação ao presente feito, de reiterada conduta intimidatória, pelo delator VINICIUS VEIGA BORIN contra a testemunha protegida, razão pela qual se impõe a decretação do sigilo retromencionado, sem prejuízo de que sejam adotadas outras medidas por parte deste juízo", escreve ele, que advogada em causa própria.
Sobre Zucolotto, afirma que ele também "manifesta conduta intimidatória em face da testemunha protegida, inclusive requerendo autorização para que participe pessoalmente de audiência designada por este juízo, reforçando a coação contra a testemunha protegida".
Tacla Durán diz que "a testemunha protegida (no caso, ele) já se encontra moralmente coagida e intimidada" por Zucolotto, "havendo o risco, inclusive, de ser fisicamente constrangida em sede judicial".
Por fim, ele pede que a audiência seja remarcada para outra data, de maneira sigilosa, para que Zucolotto não participe da audiência. E quer que o juiz adote providências contra os autores da coação.
Perguntei a Tacla Durán que medidas seriam estas. "Ele (Zucolotto)pede para participar da audiência (em que não é parte) para coagir, intimidar e interferir nas investigações. Coagir testemunha cabe (prisão) preventiva", respondeu e citou o artigo 312 do Código de Processo Penal.
O juiz Eduardo Appio teria remarcado a audiência para 18 de abril, e Tacla Durán pretende estar presente, mas com uma condição: "Será quando houver garantia de proteção efetiva, sem esses desembargadores amigos, sócios suspeitos e impedidos que insistem em interferir e descumprir decisão do STF".
Como revelou O Globo, o desembargador Marcelo Malucelli, que revalidou mandado de prisão decretado por Sergio Moro, é pai de João Eduardo Malucelli, que é sócio no escritório de advocacia de Rosângela e Sérgio Moro.
Tacla Durán não poderia ser preso no Brasil, conforme decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que se aposentou esta semana. Ainda assim, Malucelli, a pedido do Ministério Público Federal, resgatou processo antigo contra Tacla Durán e revalidou mandado de prisão.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247