Stédile: governo precisa mudar para superar impopularidade

Segundo o líder do MST, João Pedro Stédile, para os movimentos populares, o governo Dilma não foi capaz de entender a natureza da crise enfrentada pelo país, nem o que se passa atualmente na sociedade brasileira: "Se o governo não mudar o rumo que está tomando, ele irá continuar se afundando na impopularidade e ficará incapaz de sair dessa crise"; "Um erro grave do governo foi montar um ministério que depende de partidos conservadores, que inclusive, muitas vezes acabam votando contra o governo no parlamento. Este parlamento talvez seja o pior, desde a Nova República, que resume a crise como um problema de déficit orçamentário. Esse déficit é uma consequência da crise. Adotar medidas paliativas não é a solução, isso não adianta”, acrescentou 

gpoinia. entrevista a radiobras do coordenador do MST, joao pedro stedile, durante manisfesta�ao da UNE, MST, CUT. foto valter campanato
gpoinia. entrevista a radiobras do coordenador do MST, joao pedro stedile, durante manisfesta�ao da UNE, MST, CUT. foto valter campanato (Foto: Roberta Namour)


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Jornal do Brasil

Em entrevista ao Jornal do Brasil, nesta quinta-feira, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse que o governo precisa mudar o rumo caso queira superar a impopularidade que está enfrentando. "Se o governo não mudar o rumo que está tomando, ele irá continuar se afundando na impopularidade e ficará incapaz de sair dessa crise. Este período que o país está enfrentando é muito complexo. Na crise econômica é nítida a paralisação da economia, a estagnação da indústria e os sinais de desemprego, além da queda na renda da classe trabalhadora. A crise social pode ser vista com mais clareza principalmente nas grandes cidades, através da falta de moradia, da precariedade do transporte público, do aumento da violência contra a juventude nas periferias, além do aumento no número de jovens que não conseguem entrar na universidade. Já a crise política e institucional, se dá no não reconhecimento da legitimidade e da liderança dos políticos eleitos. Isso é culpa do sistema eleitoral, pois ele permite que as empresas financiem candidatos”, comentou Stédile.

João Pedro Stédile comentou também o ajuste fiscal, proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para ele, o governo errou ao montar um ministério dependente de partidos conhecidos por sua ideologia conservadora, e que muitas vezes votam contra as propostas do governo no Parlamento. Stédile criticou também o fato do governo adotar medidas paliativas para combater o déficit orçamentário.

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“Para os movimentos populares, o governo Dilma não foi capaz de entender a natureza da crise enfrentada pelo país, nem o que se passa atualmente na sociedade brasileira. Não entendeu também a disputa ideológica que foi mostrada no segundo turno das eleições, através da luta de classes.Um erro grave do governo foi montar um ministério que depende de partidos conservadores, que inclusive, muitas vezes acabam votando contra o governo no parlamento. Este parlamento talvez seja o pior, desde a Nova República, que resume a crise como um problema de déficit orçamentário. Esse déficit é uma consequência da crise. Adotar medidas paliativas não é a solução, isso não adianta”, explicou.

De acordo com Stédile, o país só vai conseguir superar a crise econômica caso decida abandonar o superávit primário e investir o valor na geração de empregos.

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“A situação é complexa. Nós temos ideias gerais, por exemplo, nós entendemos que só conseguiremos sair da crise econômica se o governo decidir abandonar o superávit primário, e no lugar do pagamento dos R$ 280 bilhões de juros anuais, o país investisse esses recursos na indústria para gerar emprego, em obras de transporte, moradia e educação. Já em relação à crise política, nós só vamos superá-la se tivermos uma reforma política profunda. É preciso construir um programa que unifique todos os setores sociais e dê unidade às ações de mobilização das massas.”

Já em relação ao financiamento de campanhas feitas através de empresas, o líder do MST comentou que “cerca de 70% do parlamento foi eleito pelas dez maiores empresas do país. Isso significa que a democracia foi substituída pelo capital. Esse cenário gerou uma distorção política insuperável, e uma hipocrisia dos candidatos eleitos”.

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Nesta quinta-feira em Irati, no Paraná, Stédile participou da 14 ª edição da Jornada de Agroecologia e também comentou sobre o atual momento do agronegócio no país. O líder do MST lembrou o crescimento da importância dada ao agronegócio, principalmente após o aumento no consumo e na produção de soja. De acordo com ele, a produção agrícola se transformou em algo necessário para a sociedade brasileira.

“Essa jornada de agroecologia não pode mais ser tratada como um evento de importância apenas para o estado do Paraná, ela se transformou em uma jornada brasileira, e até latino americana. No passado, com o crescimento da produção e consumo de soja o agronegócio foi visto como futuro do país. Hoje, a agroecologia é assimilada por todos os movimentos como uma nova matriz da produção agrícola, e se faz necessária para a sociedade brasileira”, explicou.

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De acordo com Stédile, o governo brasileiro está anunciando que pretende construir um programa nacional de agroecologia, com o intuito de garantir políticas públicas que levem à produção de alimentos mais sadios, com menos uso de agrotóxicos.

“O agronegócio se transformou em um problema de saúde pública, devido ao alto índice de agrotóxicos. O próprio governo está anunciando que está motivado a construir um programa nacional de agroecologia, para que o estado brasileiro pague essa dívida histórica que tem com os camponeses e com a população em geral. Com o intuito de garantir políticas publicas que levem à produção de alimentos sadios”, comentou.

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O líder do MST comentou o atual momento da luta dos agricultores, que teve um aumento considerável no número de desemprego na última década.

“A luta pela agroecologia não é uma luta dos agricultores, mas de toda a humanidade. O agronegócio não convive com o diverso. Ao destruir a biodiversidade ele altera a natureza. O projeto do Capital é uma agricultura sem agricultores. Nos últimos doze anos quatro milhões de pessoas perderam emprego no campo”.

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Sobre o alto número de jovens fora das salas de aula, Stédile usou como exemplo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste ano, cerca de 8 milhões de jovens se inscreveram para a prova, que oferece 1,6 milhão de vagas. O questionamento dele é: “para onde vão os outros 6,4 milhões?”.

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