Sem Dirceu, fujões em potencial são Salgado e Kátia

Incluído no rol de rumores como potencial fugitivo do País em caso de condenação pelo STF, ex-ministro José Dirceu saiu da lista informal existente em Brasília ao declarar que essa chance é "nenhuma, zero"; assumiu a posição número um, então, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado; a banqueira Kátia Rabelo, também do Rural, é a número dois da lista; eles também irão dizer que a chance de fugir é "zero"?

Sem Dirceu, fujões em potencial são Salgado e Kátia
Sem Dirceu, fujões em potencial são Salgado e Kátia (Foto: Edição/247)


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Marco Damiani _247 – Não será surpresa para as muitas rodas de rumores e comentários de Brasília, a capital dos segredos inexistentes, se um ou mais réus condenados na Ação Penal 470, o chamado mensalão, fugirem do País para não cumprirem, aqui, as penas de prisão que já vão sendo anunciadas. No rol dos candidatos a entrarem para a lista da Interpol como foragidos da Justiça brasileira constava, nas mesmas rodas, o ex-presidente do PT e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Os comentários entorno de uma possível atitude de Dirceu neste sentido eram tantos que ele precisou garantir, em entrevista à prestigiada jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, que a chance de ele procurar escapar “não existe, é zero”.

A saída de Dirceu da lista dos potenciais futuros fugitivos, no entanto, não eliminou a própria lista, que, agora, tem outros dois nomes no topo do ranking dos rumores brasilienses. O primeiro deles é o do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salagado, já condenado por lavagem de dinheiro, pena que pode lhe custar de três a dez anos de reclusão. Seu advogado é o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, cujo histórico de antigos clientes que fugiram da determinação de encarceramento estipulada pelas leis brasileiras tem pelo menos dois nomes emblemáticos: o promotor cassado Igor Ferreira da Silva e o médico cujo registro profissional foi igualmente cassado Roger Abdelmassih.

Defendidos por Thomaz Bastos, ambos correram para fora do país em situações diferentes no tempo e na forma, mas igualmente depois de terem sido encarcerados e, em seguida, beneficiados com a liberdade provisória obtida por meio do talento jurídico do nobre causídico. Preso em novembro de 1998, depois de exaustivas investigações policiais feitas desde o dia 4 de junho daquele ano, quando sua mulher Patrícia Aggio Longo, grávida de sete meses, foi encontrada morta com dois tiros na cabeça, o então promotor Igor passou apenas 40 dias atrás das grades, naquele período. Por meio dos préstimos profissionais do Dr. Márcio, ele obteve o privilégio de ser julgado em liberdade. O juri dele foi realizado em 18 de abril de 2001, terminando com sua condenação, mas, no dia seguinte, quando a polícia o procurou em sua casa para o início do cumprimento da pena, ele não estava lá – sumira, evaporara-se, escafedera-se. Igor só voltou a ser encontrado, com aparência totalmente diferente e muito mais magro, nada menos que oito anos depois (96 meses!), na periferia leste de São Paulo. Hoje, está onde a Justiça determinou que estivesse, preso.

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Igualmente representado pelo Dr. Márcio, o médico Roger Abdelmassih conhece, até agora, um destino bem diferente do seu par (pela coincidência de ter o ex-ministro da Justiça como defensor) Igor: está onde a Justiça não sabe. Ele foi condenado a nada menos que 278 anos de prisão, pelos crimes de estupro e violência sexual contra dezenas de mulheres que eram suas pacientes na clínica de fertilização que pilotava em São Paulo. A técnica deste cliente do advogado sem dúvida mais famoso do País era dopar as pacientes para praticar o ato sexual completo à revelia delas que, muitas vezes, pelas drogas administradas, mal sabiam, depois, o que havia se passado dentro do consultório. Denúncia após denúncia, a Justiça conseguiu imputar-lhe a culpa devida, mas Abdelmassih, sempre amparado pelo Dr. Marcio, conseguiu deixar a prisão para onde já havia sido conduzido. Habeas Corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal teve acolhida do ministro Gilmar Mendes. De possse da liberdade provisória, Roger, condenado em 2010, fugiu do Brasil em 2011, imediamente após ter obtido o pleito feito por seu advogado ao STF. Acredita-se que esteja no Líbano, mas não se sabe ao certo. Abdelmassih é, hoje, um dos 20 homens mais procurados do mundo pela Interpol, mas por enquanto é só isso: um procurado que vai conseguindo seu intento de estar foragido.

A dupla de antigos clientes fugitivos só faz consolidar, nas bolsas de apostas de Brasília, o atual cliente famoso do Dr. Márcio como um dos que poderão correr para longe, por onde não se sabe, para quando não espera. Caso queira sair das listas de rumores, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado deveria fazer como o ex-ministro José Dirceu fez – e garantir, firmemente, que irá acatar a soberana decisão do Supremo.

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Logo atrás dele, em segundo lugar no ranking dos potenciais fugitivos, aparece a banqueira Kátia Rabelo. A segunda posição se explica porque seu advogado é o também ex-ministro José Carlos Dias - o que conta menos para figurar naquele rol. Thomaz Bastos é, repita-se, pelo peso das fugas de Ferreira de Lima e Abdelmassih em seus arquivos de ex-clientes, realmente um diferencial de peso para alçar o candidato Salgado à primeira posição. Mas não apenas por isso. Seu posicionamento contra as penas de prisão é conhecido. Em entrevista à Revista do Advogado, da OAB, o Dr. Márcio teve oportunidade de explicar direitinho seu entendimento sobre quem merece ser mandado para trás das grades:

Revista do Advogado: As penas alternativas deveriam ser aplicadas com mais afinco, para ajudar a desafogar o Judiciário?

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Márcio Thomas Bastos – Elas são a grande solução. Hoje, é pacífico que a pena de prisão não resolve nada e, portanto, deve ser destinada, apenas, àqueles que são fisicamente perigosos. Não existe outra justificativa para manter alguém na prisão a não ser que coloque em risco a incolumidade das pessoas. Dentro desse princípio, não é preciso prender os que não oferecem riscos, para os quais seria melhor punição uma pena pecuniária, a prestação de serviços à comunidade, ou a restrição de direitos.

Como tanto Salgado como Kátia  faziam parte do mesmo Banco Rural, cuja tônica de defesa tem uma linha de convergência sobre o polo advocatício de maior atração, igualmente seria bom para Katia vir a público dizer que a chance de fugir do Brasil é "nenhuma, zero". Sem isso, nos rumores da corte, eles prosseguirão como números 1 e 2 dessa constrangedora relação que circula de boca em boca e da qual, cabalmente, só José Dirceu não faz mais parte.

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