Sem chuvas há 94 dias, Brasília queima e resseca
Capital federal j teve, este ano, o equivalente a 22 mil campos de futebol queimados em incndios; Floresta Nacional j perdeu 80% de seus 10 mil hectares de vegetao
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Evam Sena_247, em Brasília - A capital federal está em chamas há cinco dias. E dessa vez não tem nada a ver com o jogo político no Congresso Nacional ou no Planalto. Desde o início do ano, 21,9 mil hectares, o equivalente a 22 mil campos de futebol, foram incendiados, enquanto no ano passado, foram 8,2 mil hectares. Desde quinta-feira, os bombeiros tentam controlar o fogo na Floresta Nacional, área florestal mais atingida, que já perdeu 80% de seus 10 mil hectares de vegetação.
A temperatura está cada dia mais alta. Ontem foi registrado o dia mais quente do ano, com 33,3º C. A umidade do ar ficou em 13%, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e já chegou aos 10% em agosto e início de setembro. Brasília está sem chuvas há 94 dias e a previsão é de que o tempo seco se arraste até outubro.
A permanência de uma massa de ar seco na região Centro-Oeste do país é comum nesta entre os meses de julho e setembro, mas este ano os efeitos da secura estão mais intensos, na avaliação da coordenadora do Laboratório de Climatologia Geográfica da Universidade de Brasília, Ercília Torres. Além das queimadas, a expansão urbana na capital, com diminuição da vegetação, e ausência de água acentuam o tempo seco.
“O asfalto e o concreto altera a troca de energia e aumenta a temperatura nas regiões com menos vegetação”, disse a professora. Na sua avaliação, todas as cidades do DF deveriam ter um lago e um parque ecológico. O Lago Paranoá, de 48m², que contorna Brasília, não influencia a umidade do ar de toda a cidade. “Toda umidade que é produzida no lago é consumida ali mesma. As únicas pessoas beneficiadas são as pessoas que moram na beira do lago”, explicou Torres.
A professora acredita que é necessário rever o projeto de urbanização do DF, que sofrerá uma grande expansão com a construção de hotéis e novos apartamentos, sob influência da Copa do Mundo de 2014. Ela critica que nos planejamentos das cidades, a questão climática nunca é considerada. “Na hora que a gente vai pensar em urbanizar algum lugar, a gente tem que pensar que esse lugar tem que ter vegetação”, defendeu.
Outra crítica é a construção de altos prédios em cidades ao redor da capital. “Prédios gigantescos, pertos um do outro, dificultam a ventilação natural”, lembra Torres. Os ventos de Brasília já são fracos nesta época do ano, em torno de 30km/h, o que dificulta a saída da fumaça e sujeira da atmosfera, agravando ainda mais a sensação de seca.
O tempo seco já preocupa a presidente Dilma Rousseff, que evita ar-condicionado e mandou instalar umidificadores em seu próprio gabinete. A procura no centro de pneumologia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) aumentou, com pessoas com sangramento no nariz, dor de cabeça, tosse seca e doenças respiratórias.
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