São Paulo, a reacionária, e a "petit Versailles" do embaixador
O prefeito Haddad, em quer pese as reclamações da tucanagem (e de um certo fogo amigo do próprio PT) está mudando a cidade, começando pelo trânsito. O paulistano é, isso sim, um folgado
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Em primeira mão, gostaria de passar um aviso a vocês. Para que os três ou quatro leitores que me acompanham neste site não sejam apanhados de surpresa.
Estou pensando seriamente em trocar meu eixo de trabalho atual, entre São Paulo e Brasília, por uma instalação definitiva numa capital do Nordeste.
Por enquanto ainda não decidi qual é a cidade.
De qualquer forma estou treinando para nordestino. Mas falta muito para chegar lá. O sotaque, inclusive.
Depois de ter me aborrecido com essa história de mídia social – o que esse pessoal quer é fuçar a vida da gente –também quero comunicar que estou reinaugurando pela enésima vez meu blog nordestino.
Pode clicar www.taogomes.com. Já vou avisando. Política não entra no meu blog.
Deus me livre participar da "guerrilha eletrônica" que vem pela aí com as eleições.
Essa possível (ou provável) mudança tem, é claro, muito a ver com o fato do Nordeste ser hoje uma espécie de Eldorado para muita gente cansada desse tal Sul-Maravilha.
Que, a propósito, tem muito pouco de maravilha.
O Rio ainda pode dizer que é (ou pelo menos foi a Cidade Maravilhosa).
Mas só o Rio tem essa prerrogativa.
Eu quero deixar também claro que minha decisão de me mudar para outros ares não tem nada a ver com a disputa eleitoral em São Paulo.
Ela vai ser brava entre o PT do Padilha e a tucanagem que tenta fingir que anda de pluma ouriçada e no fundo ainda torce para o Serra sair para presidente.
Vocês não acreditam? Pois foi a Dilma quem avisou o Eduardo: cuidado, o Serra vai sair candidato.
Outro dia, numa palestra, o Mino Carta, esse baita jornalista, definiu São Paulo como a cidade mais reacionária do Brasil.
Com todo respeito que o Mino merece de todos nós, eu não posso concordar.
São Paulo é a cidade onde o contraste entre a riqueza e a miséria talvez seja mais evidente. Agora, reacionária não.
A vitória obtida pelo Fernando Haddad foi o primeiro alerta. São Paulo está mudando.
O prefeito Haddad, em quer pese as reclamações da tucanagem (e de um certo fogo amigo do próprio PT) está mudando a cidade, começando pelo trânsito. O paulistano é, isso sim, um folgado. E meio burro.
Folgado por que não gosta de andar de ônibus. Preferem ficar horas e horas no congestionamento ouvindo pelo rádio notícias sobre outros congestionamentos na cidade .
Eu sei porque. Alguns pelo menos, acham que transporte coletivo é coisa de pobre.
Não é não. Nas Europa da vida (na Suíça pelo menos) eu já tive o prazer, e até uma certa honra, de viajar num daqueles bondes duplex, com o primeiro-ministro do país.
Estava com um pequeno mas seleto grupo de jornalistas numa entrevista na sede governo e havia um almoço marcado na embaixada do Brasil, ao qual o ministro da Suíça também iria.
E foi ele quem sugeriu irmos todos de bonde.
- Tem um ponto bem em frente à embaixada, disse.
Na porta da embaixada, como qualquer mortal, o ministro tocou a campainha. E os dois amplos e portões se abriram no automático.
Sabendo da importância do visitante, o embaixador, de sobrenome Ouro Preto, estava na porta.
Cumprimento daqui, cumprimento dali, entramos já meio deslumbrados com o luxo da mansão, espelhos por todo lado, poltronas estilo Luis XV.
Mas enquanto os jornalistas, famintos àquela altura, apontavam a proa para o salão do almoço, o embaixador Ouro Preto deu um "stop" na turma.
- Eu quero antes mostrar o "mon petit Versailles..."
E abriu o portão que dava para um jardim só comparável ao do colega francês. Era de cair o queixo, como se dizia antigamente. Estilo floreal e bota floreal nisso.
O falecido Claudio Abramo, outro baita jornalista, participava do grupo, me cutucou:
- Não se espante com esse luxo todo. Uma embaixada é como se fosse território brasileiro...
- Ah bom...ainda bem...
P.S. - Na grande mesa, cada convidado descobria qual o seu lugar graças a um cartãozinho com o respectivo nome. Escrito em letras douradas.
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