"Saio mais forte disso tudo"

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Elieser Cesar_Bahia 247 - Preso na semana passada junto com três dezenas de pessoas envolvidas em suspeitas de fraudes em convênios com o Ministério do Turismo, o ex-deputado federal e Secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins Filho, voltou na sexta-feira (19) para Feira de Santana. Em sua terra natal e base eleitoral, Colbert foi recebido, não como um político sobre o qual paira suspeita de corrupção, mas como um filho pródigo que retorna ao lar, após longa e dolorosa jornada fora de casa. Filiado ao PMDB, ele teve direito a manifestação de desagravo, saiu em carreata pelas ruas da cidade e subiu num coreto na Praça da Igreja Matriz, de onde agradeceu ao apoio, praticamente unânime, que teve do povo de sua cidade.

Colbert jurou inocência e prognosticou que sairá mais forte do episódio. É possível, já que o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, chegou a pedir sua nomeação – depois que for provada a inocência, é claro – para secretário-executivo do MTur, o que representaria uma grande promoção e o reconhecimento oficial de que o político baiano foi, de fato, injustiçado. Ao desembarcar, no final da manhã de sexta-feira, no Aeroporto de Salvador, o ex-deputado concedeu a seguinte entrevista ao Bahia 247:

BAHIA 247 - Com que sentimento o senhor retorna à Bahia, depois da prisão e da reclusão voluntária que se impôs em Brasília?

COLBERT MARTINS FILHO - Retorno à minha terra, à minha família, para rever meus amigos, com uma sensação de alegria e de paz. Volto com a cabeça erguida.

247 – Que lição o senhor tira de todo esse episódio?

CMF – Pessoalmente, acho que saio mais forte, porque este tipo de situação nos aproxima ainda mais da família e dos amigos. Continuo muito chateado com a divulgação das fotografias, do abuso de fotografias subindo e descendo do avião.

247 – O senhor esperava o apoio quase unânime da Bahia, inclusive de adversários políticos, como o prefeito de Feira de Santana, Tarcízio Pimenta e o ex-prefeito José Ronaldo?

CMF – Não, não esperava. Inclusive quero agradecer a todos e dizer que continuo respeitando a todos. A Geddel Vieira Lima [vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa], Valdir Raupp [presidente nacional do PMDB], Henrique Eduardo Alves [líder do partido na Câmara], Michel Temer [vice-presidente da República]. Também ao próprio governador Jaques Wagner que me ligou, a deputados de todos os partidos, inclusive da oposição. Isso mostra que as relações políticas na Bahia estão muito mais respeitosas e que nós alcançamos uma maturidade política grande.

247 – Como o senhor espera recompor a sua imagem perante o eleitorado de Feira de Santana, já que pretende ser candidato a prefeito nas eleições do próximo ano?

CMF – Com a demonstração clara de que não existe o fato e de que eu não participei de nenhuma irregularidade e de nenhum tipo de fraude. O que aconteceu, eu repito, é que recebi um processo para assinar, a liberação de um convênio de interesse do senador José Sarney para a construção de um píer em Macapá e que ainda não aconteceu por conta de inundações na cidade.

BAHIA 247 – O senhor não descarta a volta ao MTur...

CMF – Não, claro que não, mas, antes, precisamos ter esta situação devidamente explicada. Ainda ontem [quinta-feira], o Tribunal de Contas da União excluiu meu nome da lista das pessoas que deveriam ter os bens bloqueados, o que, para mim, já é um passo grande.

BAHIA 247 – O senhor acredita que seu nome será excluído também das investigações sobre as suspeitas de fraudes no MTur?

CMF – Não sei. O que posso dizer é que aguardo, com serenidade e com tranquilidade, a posição do Tribunal de Contas da União, da Controladoria Geral da União e da Justiça Federal. 

Bahia 247 – Pretende exigir punição para os responsáveis pelo vazamento das fotografias e das investigações que estavam sobre segredo de justiça?

CMF – Quem vaza investigações que estão sobre segredo de justiça tem que ser punido e o vazamento dessas fotografias foi um crime. Por isso, os responsáveis precisam ter uma punição mais do que exemplar. Respeito a Polícia Federal como instituição, mas isso não poderia ter acontecido, como colocar algemas em uma senhora de 65 anos, a Gláucia, que está saindo de um tratamento de quimioterapia de câncer.

BAHIA 247 – Quais são os seus planos imediatos?

CMF – Hoje, volto a Feira de Santana e, na próxima semana, retornarei a Brasília. Reitero que essas acusações são infundadas e que não há nada contra mim.

BAHIA 247 - Para quem está há apenas três meses no cargo, quando as investigações remontam a convênios assinados há três anos, o senhor diria que sua prisão foi desnecessária?

CMF – Estou muito magoado com a forma como a prisão se deu. Não precisava disso para que eu prestasse um depoimento de vinte a trinta minutos. Poderia ter feito isso em Brasília, até respondendo a um questionário.

BAHIA 247 – Por que o senhor assinou a liberação da parcela do convênio?

CMF – Recebi um processo pronto, fechado, de um convênio que está em andamento e termina, agora, em 30 de setembro. Com base nisso e em parecer técnico favorável, determinei a efetuação do pagamento. Se tivesse, na minha mesa, qualquer documento do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público Federal ou da Controladoria Geral da União contrário ao pagamento, eu não teria assinado nada.

BAHIA 247 – Nas investigações, há algum convênio atual?

CMF – Não tem nenhum convênio no MTur assinado em 2011. Tenho uma grande tranquilidade, até porque tudo isso é de 2009. Sempre pautei minha vida pelo caminho da honestidade.

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