Rio e Londres, COIsas do COI

Programas como a implantação das UPPs e o acolhimento de crianças e adolescentes supostamente usuários de crack, no Rio, têm interesses nitidamente vinculados a grandes eventos, e não às demandas sociais reais



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No próximo dia 25 de maio, fará um ano que a Resolução SMAS Nº 20 foi criada e promulgada, a qual tem por finalidade regulamentar os procedimentos a serem adotados no Programa de Acolhimento Compulsório de Crianças e Adolescentes Usuárias de Crack, publicada no Diário Oficial do Rio de Janeiro.

Falar sobre esse programa é falar sobre ilegalidades, inconstitucionalidades e imoralidades cometidas por agentes do poder público de todos os escalões do governo municipal, sob a cumplicidade dos poderes constituídos de nossa República (Executivo, tanto Federal quanto Estadual, Judiciário, Ministério Público e Legislativo), sendo uma tarefa simples relatá-las e, com certeza, ficaríamos dias aqui citando fatos e versões diversos das atrocidades.

Na realidade, nunca houve nem há qualquer intenção do poder público em agir em benefício dessa população desassistida, cidadãos brasileiros como outros quaisquer, que assim como um sem número de outras crianças e adolescentes, têm seus direitos cotidianamente aviltados, espoliados, usurpados.

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Como denunciamos desde o primeiro momento, o que está em curso é uma higienização social com vistas à "preparação" da cidade para realização dos grandes eventos que ocorrerão nos próximos anos, como a Rio + 20, em junho de 2012; Encontro da Juventude Católica em 2013, quando são esperados de 3 a 5 milhões de jovens na cidade; Copa do Mundo em 2014; Olimpíadas em 2016, além dos Rock in Rio da vida etc.

Poderíamos pensar que ações como esse programa da Prefeitura do Rio de Janeiro são frutos apenas das cabeças maquiavélicas de nossos governantes, nos fazendo lembrar Hitler e seus campos de concentração, um facínora também eleito e adorado pelo povo, que deu sua vida, suas ideias e seus ideais por ele.

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Mas não é bem assim. Existem interesses maiores além desses de nossos governantes, reles batedores de carteira se comparados aos mafiosos internacionais que operam os grandes cartéis de drogas, armas e tráfico humano.

Ao observarmos atentamente os grandes eventos, veremos certos episódios promovidos por instituições (Igreja, FIFA e COI) que vivem um momento de franca decadência envolvidas em escândalos financeiros (corrupção, lavagens de dinheiro, má gestão) com seus processos administrativos/financeiros revestidos de mistérios e segredos.

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Ao os olharmos de perto, descobriremos que seus aparentemente nobres interesses não são tão nobres assim.

Somente como exemplo, vamos nos ater às Olimpíadas.

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Seu dogma "o importante não é vencer, é competir" e, portanto, elemento estimulador e diferenciador, não é respeitado nem mesmo na dinâmica do evento, a qual dá um destaque especial ao "vencedor" e ignora "os perdedores", mesmo aqueles que se diferenciam por atitudes que mereceriam serem enaltecidas. Como decorrência, a "conquista" de uma medalha Olímpica facilitará a "conquista" de novos e ricos patrocínios, permitindo ao atleta sofisticar sua preparação para as competições futuras, alimentando assim a roda da desigualdade entre os competidores, nos mesmos moldes e padrões como a que vivemos na nossa sociedade como um todo.

Mas não só a forma como também o conteúdo distanciam cada vez mais as Olimpíadas da sociedade contemporânea, uma vez que os adolescentes e jovens têm como

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veículo prioritário de comunicação a web, não as mídias tradicionais, como tv, rádio ou impressa;

esportes prediletos skate, surfe, esportes radicais,... os quais não fazem parte das Olimpíadas;

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maior busca e, consequentemente, exigência interagirem com o que os atraem, e não ficarem passivos diante de uma cena que sabem não poderem participar ou reproduzir, como acontece com as competições de altíssimo desempenho das Olimpíadas.

Esse distanciamento entre a sociedade contemporânea e as Olimpíadas tem sido medido pela perda de interesse da população com idade inferior a 30 anos e da audiência nas mídias tradicionais. Esses fatores, aliados a outros mais, reduziu drasticamente a principal fonte de custeio do evento, a publicidade.

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Acrescente-se ao exposto que, em oposição a toda essa crise, a ganância e a corrupção elevaram os orçamentos das Olimpíadas a valores estratosféricos, fazendo com que as grandes empresas percam o interesse em patrociná-las, obrigando aos governos interessados em sediá-las a arcarem com os custos, como está acontecendo com o Brasil e ocorreu com a China em 2012.

Para que todo esse ambiente hostil à realização das Olimpíadas não fique exposto e seja alvo de críticas severas, afastando ainda mais patrocinadores e público, faz parte das exigências do COI que se crie um ambiente de conquista, euforia e bem estar nas cidades onde elas se realizarão.

Como não existe outra saída, tenta-se (está cada vez mais difícil) criar a fantasia que esses eventos trarão benefícios sociais para os habitantes das cidades onde eles ocorrerão, os famosos "legados olímpicos", que nada mais são do que meia dúzia de obras que o poder público deveria fazê-las independentes da realização das Olimpíadas.

Em decorrência do exposto, surgem as obras e ações efetivamente necessárias, como as de transporte público e as que têm como objetivo maior a maquiagem da cidade, escondendo problemas sociais reais que poderiam atrapalhar esse ambiente de euforia e conquista que devem reinar durante as Olimpíadas.

Um exemplo é o que está ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro com a implantação das UPPs, implantadas pelo Estado, e o programa de acolhimento de crianças e adolescentes supostamente usuárias de crack, da Prefeitura, com seus pontos de atuação/implantação escolhidos a partir de critérios nitidamente vinculados aos grandes eventos, e não as demandas sociais reais. Tais programas têm suas estruturas, formas e conteúdos completamente desvinculadas das reais necessidades das populações supostamente beneficiadas, não importando se serão torturadas, seviciadas, espoliadas de seus direitos, suas casas, suas histórias, suas vidas, desde que não atrapalhem os interesses em jogo.

Como exemplo, a pesquisa realizada pela Prefeitura (mas não divulgada, obviamente) que demonstra que somente 19% das crianças e adolescentes acolhidas e internadas compulsoriamente para tratamento de uso de crack são usuárias efetivas de crack, com os 81% restantes consumindo diversos outros tipos de drogas (veja quadro abaixo), o que é um absurdo, pois o tratamento do usuário de drogas deve considerar diversos fatores, dentre eles, necessariamente, a droga consumida.

Difícil de acreditar, pois então leia a matéria publicada pelo Opera Mundi sob o título "Às vésperas dos Jogos, Londres "limpa" área do parque olímpico de pobres e indesejados", publicado no 247.

Na realidade, as cidades onde se realizarão as Olimpíadas nada mais são do que parte do cenário onde o espetáculo se dará, COIsas como outras quaisquer para o COI, estando reservados para nós, seus cidadãos, os papéis de meros figurantes.

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