R$ 260: o preço de 12 vidas
Apolcia apresenta os dois homens que venderam os revlveres ao assassino do Realengo; cada um levou R$ 30, o dono ficou comR$ 200.Movimento pelo desarmamento ganha fora; Inglaterra proibiu armas aps massacre em escola
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Cassius Oliveira e Rodolfo Borges – Duzentos e sessenta reais. Este foi o preço das armas que mataram 12 crianças em uma escola no Rio de Janeiro. Os dois suspeitos de negociar o armamento com o atirador Wellington Menezes de Oliveira foram indiciados por comércio ilegal de arma de fogo. A arma teria sido intermediada por Charleston Souza de Lucena, 38, e por Isaías de Souza, 48, que receberam R$ 30 cada. O dono da arma, que ficou com R$ 200, ainda está sendo procurado. Segundo as primeiras informações, o dono teria sido assassinado no carnaval deste ano. Os dois homens apresentados pela polícia afirmaram que se arrependeram, após saberem que a arma calibre 32 havia sido utilizada para o ataque a escola. “Tenho parte da culpa”, admitiu Isaías. A polícia também está à procura do dono do revólver calibre 38, arma que foi autora da maioria dos disparos.
O episódio revela a liberalidade do Brasil em relação às armas de fogo. Em Brasília, houve reação imediata no Congresso Nacional. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defende a realização de um novo referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo no Brasil – ideia defendida também pelo Brasil 247. Em 2005, quando se fez o primeiro referendo a esse respeito, a proibição foi derrotada. “O Brasil precisa rever essa questão”, disse o senador ao Brasil 247. “Tratamos a questão das armas com muita permissividade”. No Senado, a proposta de um novo referendo conta com o apoio também do presidente da Casa, José Sarney. “A realidade hoje é totalmente diferente daquela de 2005, quando foi feito o primeiro referendo”, disse ele. “Defendo a tolerância zero”. No de 2005, alguns órgãos de comunicação, como a revista Veja, defenderam a liberação das armas (leia mais).
No Executivo, a ideia de um novo referendo é vista com mais cautela. Até agora, quem se pronunciou foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Vamos fazer uma ampla campanha pelo desarmamento”, disse ele, negando a intenção de um novo referendo.
Na Inglaterra, um massacre semelhante ao do Realengo, ocorrido em 1996, provocou reações imediatas das autoridades. Um abaixo assinado promovido pelo jornal The Daily Mail pedindo a proibição da venda de armas de fogo obteve 700 mil assinaturas. Em seguida, a Grã-Bretanha, que já tinha uma das legislações mais restritivas do mundo em relação à concessão de armas, estabeleceu a proibição completa da posse de pistolas com calibre superior a 22. Meses depois, o novo governo trabalhista, que havia recém tomado posse, ampliou a proibição para todas as pistolas, de qualquer calibre.
A Grã-Bretanha tem um dos menores índices de homicídios por armas de fogo em todo o mundo. Segundo as estatísticas oficiais, apenas 43 pessoas foram mortas por armas de fogo no país no ano fiscal de 2009/2010. No Brasil, 50 mil pessoas são assassinadas a cada ano por armas de fogo.
Além dos senadores Cristovam e Sarney, autoridades de outras esferas também falam em ampliar o controle sobre a posse de armas. Um deles é o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Ele defendeu a rediscussão do Estatuto do Desarmamento. "Qualquer campanha, rediscussão e legislação que seja séria e mostre resultado será bem-vinda", declarou.
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