Quem tem medo do plebiscito?
A consulta sobre as armas tem o efeito colateral de aumentar a participação do povo na tomada de grandes decisões
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Qual é o problema de se fazer um plebiscito? Está na pauta, agora, a possibilidade de levar a voto popular a questão da venda de armas. Mas também se poderia perguntar se o Brasil é a favor da legalização do aborto; ou, como fizeram os americanos dos estados do Arizona, Arkansas, Carolina do Sul e Tennesse, se a caça e a pesca devem ser direitos individuais; ou, ainda, para olhar para a população da Suécia, se o país iria adotar o euro como moeda (deu não).
Plebiscito é democracia direta, é isso o que temem os que se opõem a essa prática? Mobilizar a sociedade em torno de questões que, por mal resolvidas, merecem um esclarecedor “sim” ou “não” não deveria deixar ninguém assustado. A pergunta franca, feita a ricos e pobres, a gente de todas as raças, aos cidadãos, enfim, é um dos melhores instrumentos das democracias modernas, com forte poder de elevação na conscientização política. O mal é ser feito tão esporadicamente no Brasil.
Nos já citados Estados Unidos, o povo quando vai às urnas raramente escolhe apenas quem vai ser o próximo presidente. Na cédula consta, estado por estado, uma série de perguntas sobre temas importantes para aquelas comunidades, que passam a ser decididos naquele mesmo momento, na base do sim ou não. É por isso, entre outras coisas, que se tem lá a maior democracia do mundo. Na Europa, plebiscitos também são coisa normal, em especial nos países de tradição social-democrata. Por aqui, vive-se elogiando esses sistemas políticos, mas muita gente, especialmente os mais conservadores, sobe nas tamancas quando se quer perguntar ao povo o que ele acha sobre isso e aquilo. É a melhor maneira, afinal, de deixar o status quo prevalecer – e os conservadores querem mais é que tudo, sempre, fique como está.
Outra coisa é que o povo adora, ama votar. Todos os dias, na internet, milhares de perguntas são feitas e milhões de respostas, concedidas espontaneamente. No BBB, o momento mais emocionante, para quem assiste aquilo, é a hora de eliminar. Pelo voto. No geral, pós-ditadura, os momentos mais patrióticos se dão quando o povo faz fila para votar. Que venham, então, mais filas desse tipo, a começar por esta que já está se armando para outubro, quando o povo pode dar um passo importante para ele próprio se desarmar.
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