Preconceito contra gordas agora é crime

Criadores do "rodeio das gordas" se comprometem a pagar 20 salrios mnimos para escapar de processo judicial



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Fernando Porfírio_247 - Dois rapazes responsáveis pela criação, no ano passado, numa rede relacionamento, da página “Rodeio das Gordas”, assinaram acordo com o Ministério Público de São Paulo para não terem que responder ação na Justiça. Eles foram acusados de intolerância de gênero.

Os rapazes se comprometeram a doar 20 salários mínimos cada um a três instituições que se dedicam à prevenção e ao combate da dependência química e ao combate de violência de gênero. Os pagamentos serão efetuados a partir deste mês.

Roberto Paulo de Freitas Negrini, que era estudante da Unesp, e Raphael Dib Tebechrami assinaram o acordo e também se comprometeram a não incentivar quaisquer práticas discriminatórias, preconceituosas ou de violência. O descumprimento do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) acarretará multa de R$ 30 mil.

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Uma terceira pessoa identificada com os atos de discriminação e intolerância se negou a assinar o acordo. O Ministério Público informou nesta quinta-feira (1) que vai ingressar com ação civil pública por danos morais contra Daniel Prado de Souza, que não assinou o TAC.

No ano passado, um grupo de alunos da Unesp (niversidade Estadual Paulista), uma das mais importantes do país, organizou uma "competição", batizada de "Rodeio das Gordas". A brincadeira tinha como objetivo agarrar as colegas, de preferências as obesas, e tentar simular um rodeio --ficando o maior tempo possível sobre a presa.

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A agressão ocorreu no InterUnesp 2010, jogos universitários realizados em Araraquara, entre 9 e 12 de outubro. Anunciado como o maior do país, o evento esportivo e cultural, que reuniu 15 mil universitários de 23 campi da Unesp, virou palco de agressão para alunas obesas.

Roberto Negrini, estudante do campus de Assis, um dos organizadores do "rodeio das gordas" e criador da comunidade do Orkut sobre o tema, disse na época que a prática era "só uma brincadeira".

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Segundo ele, mais de 50 rapazes de diversos campi participavam. Contou que, primeiro, o jovem se aproximava da menina, jogando conversa fora --"onde você estuda?", entre outras perguntas típicas de paquera. Em seguida, começava a agressão.

“O rodeio consistia em pegar as garotas mais gordas que circulavam nas festas e agarrá-las como fazem os peões nas arenas", relatou uma aluna do curso de psicologia.

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O caso passou a ser investigado pelo Ministério Público de Araraquara e Assis. Em outubro de 2010, a promotora de Justiça Noemi Corrêa instaurou inquérito civil para apurar a brincadeira de mau gosto.

De acordo com a promotora, a conduta dos participantes e realizadores do evento expôs à situação humilhante e vexatória alunas participantes do encontro, exclusivamente porque não correspondiam aos padrões de peso considerados ideais.

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Após o encerramento do evento, foi criada em Assis uma página no Orkut, intitulada “Rodeio das Gordas”, na qual eram estabelecidas regras para o “torneio”, bem como premiação para o que fosse considerado o melhor “montador de gordas”.

As investigações da Promotoria identificaram que o responsável pela criação da página na rede social foi Roberto Paulo de Freitas Negrini, então estudante da universidade. Daniel Prado de Souza e Raphael Dib Tebechrami foram apontados como estimuladores e incentivadores da prática, por meio de comentários publicados na página.

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O MP considerou que eles praticaram violência contra a mulher, infringindo os conceitos e preceitos da Lei Maria da Penha.

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