PML: inimigos do 85/95 tentam colapsar governo
"O esforço dos inimigos do governo Dilma para convencer a presidente a rejeitar as mudanças do fator previdenciário aprovadas pelo Congresso é patético e suspeito", critica Paulo Moreira Leite, diretor do 247, em Brasília; segundo ele, "os cálculos empregados para justificar o veto, anunciando o apocalipse em 2030, são futurologia ideológica"; argumentos dos adversários do sistema 85/95 para a aposentadoria, matéria que deverá ser apreciada nesta quarta-feira pela presidente, não são a melhoria das contas públicas, de acordo com o PML; "O objetivo é outro: querem apressar o colapso político do governo, queimando as caravelas que podem — quem sabe? — permitir um reencontro entre a base social que reelegeu Dilma e o Planalto"; o jornalista faz um apelo: "Não veta, Dilma"
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O esforço dos inimigos do governo Dilma para convencer a presidente a rejeitar as mudanças do fator previdenciário aprovadas pelo Congresso é patético e suspeito. Deveria ser o melhor argumento para a presidente apoiar a medida aprovada por uma maioria respeitável de senadores e deputados demonstrar respeito por uma decisão legítima sob qualquer aspecto.
Insuspeitos de torcer pelo sucesso de Dilma e do projeto que ela representa, adversários do governo pressionam para que a presidenta insista numa ideia que foi derrotada pela instituição que tem o dever constitucional de apreciar medidas dessa natureza — e muito provavelmente irá derrubá-la mais uma vez, se houver necessidade.
Os cálculos empregados para justificar o veto, anunciando o apocalipse em 2030, são futurologia ideológica, sabem calouros de todo curso de Economia. Ninguém sabe como o Brasil estará em 2030, assim como estes mesmos analistas erraram sempre desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva — aliás, já erravam na própria campanha presidencial de 2002. Quantas voltas o país deu nos últimos quinze anos? Quantas voltas dará nos próximos?
Será errado reconhecer com humildade, como fazia John Maynard Keynes, que no futuro estaremos mortos?
Estamos falando de projeções de futuro disfarçados de analise cientifica. O que está por trás dessa visão é a noção de que países como o Brasil estão condenados historicamente a padecer em crescimento baixo, num lugar secundário no mundo, dependente exclusivamente da boa vontade dos mercados internacionais. Já vimos todas as versões desse filme, certo? Sustentava até que o Brasil não tinha vocação para ter um parque industrial, não é mesmo? Dizia que o Bolsa Família é só demagogia, certo?
O horizonte de quem pede a Dilma para vetar uma medida aprovada pelo Congresso, que irá colocar o governo em posição política delicadíssima, não envolve a melhoria das contas públicas dentro de uma década e meia. Seria comovente tentar acreditar em tamanha preocupação com nosso futuro. Pena que há 500 anos, mais ou menos, se dediquem a defender medidas permanentes de sabotagem a toda tentativa consistente de progresso no país do presente.
O objetivo é outro: querem apressar o colapso político do governo, queimando as caravelas que podem — quem sabe? — permitir um reencontro entre a base social que reelegeu Dilma e o Planalto.
Querem a desmoralização do governo, criar uma chance de rir de seu discurso a favor dos mais pobres, afirmando que tudo não passava de uma mentira e uma farsa.
Se fossem sinceros, estariam clamando por uma redução da taxa de juros, que hoje é o principal fator de desequilíbrio das contas públicas e que, certamente, representa uma ameaça muito maior às futuras gerações do que a formula 95/85, certo?
O debate sobre o fator previdenciário é político e não é difícil de compreender. Não há dúvida que se trata de um medida que irá beneficiar os assalariados, em especial os mais pobres, e por isso mesmo sempre foi motivo de tensão entre os governos do PT e seus eleitores. Num momento de imensas dificuldades econômicas, no qual é grande o sentimento de perplexidade e decepção, será uma medida de alívio e confirmação de compromissos do governo com sua história.
As vozes que pedem o veto são as mesmas que consideram que o ajuste anunciado pela presidente no final de 2015 não deve ser uma medida provisória para arrumar a casa e permitir uma volta ao crescimento — como o governo afirma desde o final de 2014. Trabalham noite e dia para uma virada profunda e permanente da política econômica.
Querem que seja o início de uma política permanente de austeridade, desemprego alto e salários em queda, na qual as conquistas sociais dos brasileiros sejam corroídas de forma permanente. Suas contas são estimativas conformistas e conservadoras sobre o destino do país. Sempre anunciaram — usando a matemática para encobrir a visão política — que toda medida favorável aos mais humildes só poderia dar errado. Fazem isso desde que Getúlio Vargas criou o salário mínimo.
Quem não lembra que sempre disseram que não é possível crescer e combater a pobreza ao mesmo tempo?
Por essa razão eles torcem por uma medida que deixe o governo ainda mais fraco. Isso tornará mais difícil toda medida para Dilma tentar, em futuro breve, um retorno ao projeto de crescimento e distribuição de renda, o único que interessa a população brasileira. Este é o conflito e o debate. Nem é preciso lembrar que está em jogo, aqui, a sobrevivência do mais bem sucedido — nem é preciso lembrar das falhas e erros no meio do caminho, certo? — projeto criação de um Estado de bem-estar que já foi experimentado no país.
Os adversários das mudanças que Lula e Dilma implantaram no país a partir de 2003 querem que essa mudança de valor histórico seja interrompida de uma vez por todas. Assim, a profecia se torna realidade e 2030 será, mesmo, a continuidade de 2015. Deu para entender, certo?
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