Pizzolato se diz inocente e “com a vida destruída”
Condenado por unanimidade pelo STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato no julgamento do 'mensalão', ex-diretor do Banco do Brasil reafirma versão de que fez apenas um favor a Marcos Valério ao entregar dinheiro ao PT e que se vê "execrado", "injustiçado" e "sem perspectiva"
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247 – Condenado por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, não era visto desde julho, quando viajou para a Europa. De volta ao País neste fim de semana das eleições, Pizzolato concedeu entrevista à Folha de S.Paulo, pela qual reafirma sua inocência e se diz "injustiçado" e "com a vida destruída".
Em sua versão, o ex-diretor do BB afirma que fez apenas um favor a pedido da agência de publicidade de Marcos Valério (ele recebeu um telefone de sua secretária) e que jamais exerceu função partidária, tendo trabalhado mais de 30 anos no banco. Pizzolato é acusado pelo Ministério Público de autorizar antecipação de pagamentos da publicidade do Fundo Visanet em R$ 73,8 milhões – recursos que teriam sido usados para alimentar o chamado 'mensalão' e pelo qual recebeu, como recompensa, um pacote com R$ 326 das contas de Marcos Valério.
Leia abaixo trechos da entrevista publicada na edição da Folha desta terça-feira:
O senhor falou que uma secretária do Marcos Valério pediu para o senhor para pegar um pacote. O senhor acha normal um diretor do BB receber uma ordem dessas?
Henrique Pizzolato - Sim, agências de publicidade faziam contato comigo. E quem ligava sempre eram as secretárias, funcionários da agência.
O senhor mantém a mesma versão?
Sem dúvida. Eu abri meu sigilo fiscal, bancário. Tudo. Os depoimentos das testemunhas confirmam. Eu recebi um telefonema para fazer um favor. Disse: eu posso fazer, mas num outro dia. Quando eu propus uma alternativa, aceitaram. Naquele dia estava estudando a pauta da reunião da conselho da Previ que eu iria presidir. Aí eu perguntei: é obrigatório que seja eu? Eles disseram que podia ser outra pessoa, desde que os documentos fossem entregues ao PT. Eu mandei um contínuo da Previ. Ele buscou e me entregou.
O senhor foi condenado por unanimidade.
Sou inocente. A minha defesa mostrou como funcionava o Visanet e que eu não nomeei as pessoas que assinavam e faziam os aportes de verbas. Estou sobrevivendo à base de remédio. Isso é uma violência ao ser humano. No dia que eu recebi a notícia eu não enfartei porque...eu dou graças a Deus.
O senhor trabalhou na campanha do presidente Lula?
Sim, mas não da forma como foi dito. O meu trabalho era o de fazer contatos com empresas e discutir plano de governo. Eu havia trabalhado na Previ que tinha investimentos em diversos setores. Eu entrava em contato com as empresas para explicar o programa de governo.
O senhor se sente abandonado pelo partido?
Como vou te dizer? O que eu estou fazendo nesses oito anos é tentar provar a minha inocência porque toda essa história [da acusação] é fantasiosa. É impossível fazer o que as pessoas estão me atribuindo. Mesmo que eu fosse um mágico não conseguiria. Eu não preciso do partido para provar minha inocência.
Está sob medicamentos?
Sim. Eu me sinto injustiçado, com a vida destruída (voz embargada), sem perspectiva, execrado, amaldiçoado, excluído da sociedade por algo que não fiz. Imagina alguém que está indo para a guilhotina, fogueira da inquisição injustamente.
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