Pimenta rebate Campos Neto: BC mantém juros altos para impedir o País de crescer

Ministro da Secom criticou o presidente do Banco Central por culpar o governo pelo custo elevado do crédito, sendo o BC a autoridade responsável por definir a taxa Selic

Paulo Pimenta e Roberto Campos Neto
Paulo Pimenta e Roberto Campos Neto (Foto: ABR | REUTERS)


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247 - O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, respondeu neste sábado (13) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que afirmou que a culpa pela taxa Selic estar em 13,75% não é do Banco Central, mas sim do governo federal. 

"Não é sério. É uma opção de manter juros altos para favorecer o rentismo e impedir o País de crescer", afirmou o ministro. "Brasil precisa de crédito barato, a economia girar, gerar emprego e criar oportunidades. Sociedade está endividada e refém desta política monetária contrária aos interesses nacionais", acrescentou. 

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Durante entrevista à CNN, Campos Neto disse que o BC não é "malvado". "Se você, empresário, está tentando pegar um dinheiro e está caro, a culpa não é do Banco Central, que é 'malvado'. A culpa é do governo, que deve muito. (...) O grande culpado pelos juros estarem altos é que tem alguém competindo pelos mesmos recursos e pagando mais", afirmou. 

Leia também reportagem da agência Reuters sobre o assunto:

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, qualificou como “falácia” a ideia de que o Brasil não tem atualmente inflação de demanda, como vêm defendendo alguns membros do governo, incluindo o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Em entrevista ao programa “Caminhos com Abilio Diniz”, da CNN, realizada na última terça-feira e veiculada nesta sexta-feira, Campos Neto afirmou que vários artigos científicos demonstram que a inflação hoje é “muito mais de demanda que de oferta”.

Ao mesmo tempo, Campos Neto afirmou que não é verdade que, se a inflação for de oferta, o BC não deve alterar a taxa de juros. Segundo ele, a instituição também tem que combater os efeitos secundários da inflação de oferta.

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“Se contaminar a cadeia, aí sim o BC tem que entrar e combater este cenário”, afirmou.

Campos Neto também foi questionado a respeito da indicação do atual secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do BC. Braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo foi escolhido por Lula para a diretoria, sem que Campos Neto tenha participado das discussões.

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“As regras do jogo são essas, vai vir um diretor ou mais de um diretor que têm opiniões diferentes”, minimizou Campos Neto. “O que precisamos melhorar no Brasil é saber conviver com as regras ao invés de mudar as regras.”

Campos Neto pontuou ainda que a meta de inflação não é determinada pelo BC, mas sim pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que tem maioria governista. Ele lembrou que, por lei, o BC precisa atingir a meta, ainda que a instituição esteja tentando suavizar o máximo possível o processo.

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Os comentários de Campos Neto surgem em um contexto de pressão do governo para que o BC inicie o processo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano. O BC, por sua vez, tem defendido em suas comunicações que as expectativas de inflação seguem elevadas.

No início do ano, o próprio presidente Lula chegou a opinar que a meta de inflação deveria ser mudada, o que em tese ajudaria a abrir espaço para o corte da Selic. Campos Neto, por sua vez, sempre se colocou contrário à mudança da meta.

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“Desde a primeira conversa que tive, lá atrás, com Haddad e Lula, antes da posse, eu disse: ‘uma das coisas que a gente não deveria falar em público é da meta’”, afirmou Campos Neto na entrevista desta sexta-feira.

“O que acontece é que, como o Executivo tem a caneta para mudar a meta, quando ele fala o mercado entende que o governo vai mudar a meta... E quando você fala de meta, você acaba alterando as expectativas.”

Durante a entrevista, Campos Neto também afirmou que sairá da presidência do BC no fim de 2024, como prevê a lei de autonomia da instituição. Ele descartou a possibilidade de ser reconduzido ao cargo. O presidente do BC se disse contrário à possibilidade de recondução, apesar de a lei permitir.

Campos Neto também afirmou que, diante da politização das discussões em torno das decisões de política monetária do BC, a autarquia tem tido a preocupação de explicar em mais detalhes seu processo decisório sobre os juros, particularmente nas atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

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