"Pernambuco não é depósito de lixo"

Pernambucanos lanam campanha Confeco Coisa Sria, No Lixo em resposta ao escndalo de venda de lixo hospitalar no agreste; risco de contaminao ainda persiste



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Diego Iraheta_247 e Paulinho Barros*, de Pernambuco – O traje de hoje pode vir dos restos de ontem. Mas, em Pernambuco, não foram retalhos e pedaços de pano que foram costurados e viraram roupa nova. Foi lixo hospitalar, importado ilegalmente dos Estados Unidos, que seria vendido por um comerciante para conseguir dinheiro das confecções do estado. O empresário cearense Altair Teixeira de Moura está sendo investigado pelo crime comercial – e de saúde pública. Por causa do escândalo, milhares de empreendedores temem que a atividade comercial do agreste pernambucano seja estigmatizada. Por isso, decidiram se unir na campanha Eu Uso Produtos do Pólo Têxtil; Confecção É Coisa Séria, Não É Lixo.

“A prática irresponsável e criminosa de um único importador não pode jamais condenar décadas de suor sagrado e limpo de milhares de trabalhadores e empresários”, assina embaixo a população. O rebuliço foi grande em Santa Cruz do Capibaribe, a 190 quilômetros de Recife, município para onde os contêineres de lixo hospitalar eram levados. Agentes da Vigilância Sanitária e da Polícia Federal encontraram um galpão com todo esse material, que era vendido para os donos de confecção da região. Eles não sabiam a origem do que serviria de matéria-prima para calça jeans, bermudas e lençóis – para pernambucanos, brasileiros e até estrangeiros.

Conhecida como Capital das Confecções, Santa Cruz do Capibaribe tem 120 mil habitantes. Quase todos se dedicam ao trabalho nas feiras e confecções. O nível de desemprego é baixo. É a indústria têxtil que comanda o dia a dia dos moradores. Empresas como a Rota do Mar produzem em grande escala e exportam roupas. Como a engrenagem da vida de todos é à base de confecção, veio como um golpe a descoberta de lixo hospitalar nos ingredientes da receita de sucesso. “Pernambuco não é um depósito de lixo hospitalar, principalmente de outros países”, enfatizam famílias que se sentiram enganadas.

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De pequena cidade grande, Santa Cruz do Capibaribe tornou-se cenário de filmes de detetive. Agentes do FBI foram ao município nesta semana. Primeiro, fizeram vistoria no porto de Suape, onde o lixo desembarcava, e depois visitaram os pólos de confecções. A população ficou otimista com a movimentação de autoridades. Até o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garantiu que o País não vai mais importar lixo hospitalar. No entanto, o risco de contaminação ainda persiste.

De toda forma, as autoridades sanitárias já se comprometeram a incinerar o lixo hospitalar ou mesmo mandá-lo de volta – para os Estados Unidos. E agora, a sociedade tenta reverter a impressão que ficou sobre as confecções, Santa Cruz do Capibaribe e Pernambuco – todos, vítimas dessa história. “Houve um sentimento geral na cidade que ficaríamos com uma má imagem, principalmente por causa das reportagens e abordagens. Mas todos estão trabalhando pra que isso não aconteça, estamos lutando pelo que foi conquistado por nós”, sublinha a campanha Confecção É Coisa Séria, Não É Lixo.

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As polícias brasileira e norte-americana seguem apurando o caso. Moradores clamam por mais ações. Esperam que cada grama de tecido, produzido com lixo hospitalar, seja identificado e imediatamente retirado do mercado. É o mínimo que governo, polícia e agentes de vigilância sanitária podem fazer. Para garantir a saúde e a pujança de um dos maiores pólos de confecções da América Latina.

* Paulinho Barros é morador de Santa Cruz do Capibaribe, leitor do Brasil 247 e jornalista cidadão, como você também pode ser

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