Paulistas pela legalidade

Apesar de terem perdido a guerra, os paulistas conseguiram, em 32, atingir um de seus objetivos principais: a convocação de uma assembléia nacional constituinte



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A data de 9 de julho de 1932 remete a um dos momentos mais marcantes da história de São Paulo, quando cerca de 120 mil pessoas foram para o front lutar por um regime constitucional para o Brasil. Era uma época conturbada na política nacional, já que dois anos antes o presidente da República, o paulista Washington Luís, havia sido deposto e o gaúcho Getúlio Vargas, candidato que perdera as eleições à presidência para o paulista Júlio Prestes, assumira o governo federal, na esteira da chamada Revolução de 30. Era o fim da antiga e viciada política do café-com-leite, regime que alternava o poder entre os dois estados com maior poderio econômico da época – São Paulo, com a produção de café, e Minas Gerais, com a de leite.

O governo provisório de Vargas quebrou a promessa de novas eleições e da edição de uma Carta Magna. Ao contrário, o congresso foi dissolvido e todos os governadores e prefeitos substituídos por interventores nomeados pelo poder central. Há exatos 80 anos, a insatisfação dos paulistas crescera tanto que se criou uma frente de partidos para lutar pela autonomia do estado e por uma nova constituição para o Brasil.

Em 23 de maio, no conflito entre manifestantes e polícia, quatro jovens foram mortos na Praça da República – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Eles viraram símbolo da luta paulista, originando a sigla MMDC. Não demorou muito para que o confronto entre as forças de São Paulo e as tropas federais se precipitasse, originando uma sangrenta guerra civil.  Motivados pelos meios de comunicação, jovens, adultos e até mulheres respondiam ao chamado para defender o estado das forças getulistas. No total, foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932) com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas não oficiais reportem até 2.200 mortos.

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Apesar de ter perdido a guerra, os paulistas conseguiram atingir um de seus objetivos principais: a convocação de uma assembléia nacional constituinte. A Constituição foi promulgada em 1934, com vários avanços em relação à de 1891, sua antecessora. No entanto, foi a que vigorou por menos tempo na história do Brasil. Apenas três anos, até Getúlio Vargas transformar-se no ditador do Estado Novo. Mas essa já é uma outra história...

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do CIEE e da Academia Paulista de História (APL)

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